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Fundo Paladin, dos EUA, vai dividir controle da InPar

Americanos terão no mínimo 27,3% da empresa e serão majoritários no bloco de controle

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O fundo americano Paladin, especializado no mercado imobiliário, entrou no controle da incorporadora Inpar. Sem muitas alternativas para capitalizar o negócio, a companhia fará uma emissão de 102.857.143 novas ações ordinárias, ao preço de R$ 1,75, dez vezes inferior ao valor negociado na estréia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em junho do ano passado, e R$ 0,10 acima da cotação de fechamento de ontem. A operação vai render R$ 180 milhões à empresa, o que dará fôlego para a incorporadora tocar a operação no curto prazo. O fundo pode ter até 52% da InPar caso os outros acionistas não exerçam o direito de preferência na compra de ações. Se o direito for exercido, a participação mínima do fundo será de 27,3%, o que ainda o manterá à frente da família Parizotto, fundadora da companhia. Embora com uma participação menor, os Parizotto dividirão o controle com o fundo Paladin. "A posição de maioria no controle vai se refletir tanto no conselho de administração quanto na gestão. Os cargos que os indicados do Paladin vão ocupar serão definidos nos próximos dias. Possivelmente, assumiremos a presidência", diz o representante do Paladin no Brasil, Álvaro Simões. Se for essa a decisão, o atual presidente da companhia, Cesar Parizotto, continuará na gestão, segundo Simões. No começo do ano, banqueiros já teriam sugerido aos controladores a contratação de um profissional independente para comandar o negócio. PECHINCHA A InPar era uma das maiores pechinchas do setor imobiliário. Está avaliada em cerca de 20% do seu patrimônio. Em um ano, suas ações caíram mais de 90%. A busca por um novo sócio começou em junho, antes mesmo do agravamento da crise global. Durante o processo, mais de 40 fundos foram visitados. Até a semana passada, a InPar negociava com 10 deles. "Os principais acionistas - família Parizotto, HSBC, Polo Capital e Hedging Griffo - não queriam apenas dinheiro, mas também um sócio que trouxesse credibilidade e ferramentas mais sofisticadas de gestão financeira, como fez o (megainvestidor americano) Sam Zell na Gafisa", diz uma fonte próxima às negociações. Esse não é o primeiro investimento do Paladin no Brasil, mas é o mais importante. O fundo, que já aplicou US$ 3 bilhões em projetos residenciais na América Latina, é sócio da construtora paulista Even em empreendimentos imobiliários desde 1997, e possui uma participação minoritária na empresa. A InPar se decidiu pelo aumento de capital porque tinha urgência em recompor o caixa. Segundo fontes ligadas à incorporadora, seu problema não é de insolvência, mas, sim, de liquidez. A sua dívida, que está em torno de R$ 190 milhões, é de longo prazo. "Com esse dinheiro, o novo plano de negócios traçado para 2009/2010 ficará equacionado", garante o diretor-financeiro da InPar, Otávio Araújo, que não pôde dar detalhes sobre as novas metas. "Isso não significa que vamos desistir das outras estratégias." Além do sócio, a incorporadora vinha buscando outras soluções para equacionar o problema de caixa. Em agosto, antecipando uma estratégia depois adotada por outras empresas do setor, a InPar tomou a decisão de vender parte do seu portfólio - basicamente de edifícios comerciais. O objetivo era levantar R$ 400 milhões para capital de giro. Não foi suficiente. Até setembro, de acordo com o último balanço financeiro, ela havia arrecadado apenas R$ 53 milhões. Hoje devem ser concluídas novas vendas. Para poupar o caixa, a companhia já reduziu drasticamente o volume de lançamentos no terceiro trimestre. Colocou apenas R$ 40 milhões no mercado, ante R$ 381 milhões no mesmo período de 2007. No fim de novembro, anunciou ainda a demissão de 100 funcionários. Na opinião de analistas, os executivos da InPar erraram a mão por excesso de confiança e de ambição. Fora de operação entre 2004 e 2006, a incorporadora dos Parizotto voltou ao mercado com planos ousados demais para seu tamanho. Sua meta inicial era fazer R$ 2,5 bilhões de lançamentos neste ano. No meio do caminho, o valor teve de ser foi revisado para R$ 1,65 bilhão. Até setembro, a InPar havia lançado R$ 1 bilhão em imóveis. A meta de 2009 também foi reduzida de R$ 3 bilhões para R$ 1,85 bilhão. SINAL AMARELO O sinal amarelo acendeu em maio. Ali, ficou acertado que, se a InPar não conseguisse fazer uma nova captação de recursos no mercado, haveria uma revisão dos ambiciosos planos traçados no ano anterior. A partir de um determinado momento, a herança da InPar passou a pesar - nos três anos em que ficou fora de operação, a família Parizotto teve com os bancos uma relação estressante de renegociação de dívidas. Os bancos, é claro, não esqueceram. Instituições como Itaú, Bradesco e Unibanco não emprestavam mais para a InPar, dizem fontes próximas à companhia.

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