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Fundo reduz projeção para o crescimento mundial

Expansão global cai de 5,2% para 4,8% no ano que vem; para os EUA, vai de 2,8% para 1,9%

Por Washington
Atualização:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a sua projeção para o crescimento global em 2008. A revisão da estimativa está no relatório Perspectivas Econômicas Mundiais, que será divulgado na semana que vem, informou uma fonte. Nesse relatório semestral, que se segue ao divulgado em julho, antes do agravamento da turbulência dos mercados financeiros, o FMI prevê expansão global de 4,8% em 2008, abaixo da estimativa de julho, de crescimento de 5,2%, segundo informou a fonte. Para os Estados Unidos, a revisão foi mais radical - por conta da crise no mercado imobiliário do subprime (créditos de alto risco). Nesse caso, o FMI reduziu a projeção de crescimento para 1,9% em 2008, de 2,8% do relatório de julho. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Canadá foi revisado para alta de 2,3% em 2008, quando em junho previa 2,8%. Para a zona do euro, a perspectiva é de expansão de 2,1% em 2008, inferior à previsão anterior, de 2,5%. A Alemanha deverá crescer 2% no ano que vem, abaixo da expansão de 2,4% esperada em julho. A França deve expandir-se também 2%, contra previsão em julho de crescimento de 2,3%. O FMI também cortou sua projeção de crescimento para a China, para 10% em 2008, de 10,5% do relatório de julho. O diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato (que deixa o cargo no dia 31), havia dito, no mês passado, em visita ao Peru, que a crise do mercado de crédito imobiliário nos Estados Unidos teria reflexos no crescimento global no próximo ano. Segundo Rato, que será substituído pelo francês Dominique Strauss-Kahn, "serão necessários alguns meses, provavelmente até o próximo ano", para que a liquidez volte aos níveis normais no mercado, o que "terá um impacto sobre o crescimento global". Entre os dias 20 e 22 deste mês, o Fundo realizará a sua assembléia-geral anual, em Washington, onde o relatório completo será anunciado. TÉCNICA ERRADA A única política eficiente para conter a valorização exagerada da moeda é cortar gastos do governo, adverte o FMI, em um capítulo desse relatório divulgado ontem. Para o Fundo, cortar gastos do governo é a única medida capaz de evitar as ressacas que sucedem aos grandes fluxos de capital estrangeiro. O relatório critica tentativas de conter a valorização da moeda comprando reservas internacionais, como o Banco Central brasileiro vem fazendo, ou instituindo controles de capital. "Resistir à valorização da moeda com intervenções esterilizadas e tentativas de limitar a entrada de recursos com maior controle de capitais não reduziu a valorização cambial nem melhorou o desempenho do PIB", disse Roberto Cardarelli, economista sênior do Departamento de Pesquisa do FMI e um dos autores do capítulo Administrando grandes entradas de capital. O Fundo admite que a grande liquidez nos mercados emergentes nos últimos anos têm efeitos colaterais importantes. "Apesar de oferecer boas oportunidade de crescimento econômico no longo prazo, grandes fluxos de capital estrangeiro também representam desafios porque causam superaquecimento e perda de competitividade", disse Cardarelli. Segundo o FMI, quando os governos exerceram austeridade fiscal durante a bonança de fluxos de capital estrangeiro, a posterior fase da ressaca, ou seja, da saída dos recursos, foi bem menos dolorosa. Já países que tentaram resistir à alta da moeda com intervenção cambial não conseguiram e enfrentaram "conseqüências mais sérias" quando cessou o fluxo de capitais. Agências Internacionais e Patrícia Campos Mello

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