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Fundos cambiais: alta de 8,91% nesse ano

Alta do dólar impulsionou a rentabilidade dos fundos cambiais. Porém, a moeda norte-americana está em patamares insustentáveis, segundo os analistas, o que diminui muito a perspectiva de ganho nessa aplicação.

Por Agencia Estado
Atualização:

A alta acumulada de 5,54% do dólar oficial em março - que contraria todas as projeções anteriores - coloca os fundos cambiais como uma das aplicações mais rentáveis em março. De acordo com dados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), até o dia 21 de março, esses fundos apresentam um rendimento nominal de 2,54%. Nos dois dias seqüentes, o dólar subiu 2,79%, e este ganho vai favorecer ainda mais o rendimento dos fundos cambiais no mês, se a cotação da moeda norte-americana não recuar. No ano, o fundo cambial acumula rendimento de 8,91%, até o dia 21. Apesar do ganho expressivo apresentado nos últimos dias por esse tipo de aplicação, os analistas esclarecem que não é recomendável direcionar recursos para fundos cambiais agora. Isso porque o dólar já subiu muito e está em um patamar acima do que os analistas consideram razoável. Para se ter uma idéia, na sexta-feira, o dólar oficial fechou o dia cotado a R$ 2,1586 (venda). De acordo com Nicolas Balafas, diretor de renda variável do BNP Asset Management, um intervalo justo de oscilação para o dólar está entre R$ 2,05 e R$ 2,10. "Apenas quem tem dívidas em dólar ou está economizando para uma viagem ao exterior deve entrar nesse tipo de aplicação agora", recomenda. Veja como é formada a carteira Os fundos cambiais recebem como rentabilidade uma taxa de juros mais a variação do dólar. São aplicações que tendem a apresentar uma rentabilidade maior em períodos de crise, quando há um aumento da demanda por dólar como forma de proteção, ou seja, hedge, provocando a alta das cotações. Por outro lado, se o cenário econômico melhora, e a demanda cai, o dólar pode recuar e comprometer o ganho dos fundos cambiais. Os analistas apostam na tendência de queda para o dólar. Nos últimos dias, o governo tem sinalizado que está preocupado com a alta exagerada do câmbio, pois isso pode provocar um aumento do preço de matérias-primas e produtos importados, influenciando também o preço de produtos nacionais, o que compromete a meta de inflação - de 4% para esse ano. A alta da taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto porcentual é exemplo de que o governo está atento à questão. Juros mais altos tendem a atrair recursos estrangeiros, o que aumenta a oferta de dólares, provocando queda nas cotações. Além disso, os investidores tendem a se desfazer de suas posições em dólar, trocando-as por aplicações indexadas às taxas de juros, o que também gera um aumento do volume de dólares no mercado. Do ponto de vista macroeconômico, o aumento do juro coloca um freio na economia, favorecendo as exportações e inibindo as importações, o que é favorável para que haja menor pressão de compra por dólares, e maior oferta. Vale lembrar que os fundos cambiais não são um hedge perfeito já que o rendimento do fundo paga 20% de Imposto de Renda (IR).

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