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Fundos: comparar ganho ficou mais difícil

A regra de marcação a mercado para os fundos deixou mais difícil a tarefa de comparar o rendimento de carteiras com a mesma classificação. O investidor deve pensar agora é se ele quer uma carteira marcada totalmente a mercado ou se prefere um fundo com papéis precificados pela curva de juros.

Por Agencia Estado
Atualização:

A regra de marcação a mercado para os títulos que compõem a carteira dos fundos de investimento deixou mais difícil a tarefa de comparar o rendimento de carteiras com a mesma classificação. Isso porque o Banco Central (BC) flexibilizou as regras para a contabilização dos títulos com duração inferior a 365 dias, permitindo que os papéis com esse prazo sejam marcados tanto pelo valor de mercado quanto pela curva de juros - com a taxa proporcional aos juros embutidos no papel. Ou seja, na comparação do ganho entre fundos com a mesma classificação, o investidor corre o risco de analisar carteiras com formas diferentes de marcação dos títulos. Na flexibilização das regras de marcação a mercado, o BC permitiu que os papéis com duração inferior a 365 dias sejam contabilizados pela curva de juros, desde que sejam mantidos em carteira até o vencimento. Isso significa que, para esses papéis, não há o risco de oscilação negativa da cota do fundo, já que eles são precificados pelos juros embutidos no papel. Na marcação a mercado, o gestor contabiliza os papéis pelo valor de negociação no mercado. É uma regra que traz maior transparência para a carteira, mas pode gerar uma oscilação maior da cota. "Nesse contexto, a comparação entre o ganho dos fundos, além de ser mais difícil, fica em segundo plano na hora de escolher o fundo onde investir. Na verdade, o que o investidor deve pensar agora é se ele quer uma carteira marcada totalmente a mercado ou se prefere um fundo com papéis precificados pela curva de juros", afirma a diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Planejadores Financeiros (IBCPF), Márcia Dessen. Recomendações para a escolha do fundo Ela destaca que uma carteira com uma parte dos títulos marcados pela curva de juros pode apresentar uma oscilação menor da cota, se comparada ao fundo com todos os papéis marcados a mercados. "Para um investidor que colocou no fundo um dinheiro de curto prazo, como aquela quantia que será usado para o pagamento das dívidas mensais, uma carteira com parte dos títulos precificados pela curva de juros não é uma opção ruim, já que se elimina o risco de oscilação da cota", afirma a diretora. Já a reserva de recursos destinados a um prazo mais longo pode ser colocada em um fundo com todos os títulos marcados a mercado, segundo Márcia Dessen. Ele explica que, nesse caso, o investidor pode esperar um momento mais vantajoso - com variação positiva da cota - para o saque de recursos. Além disso, de acordo com ela, em uma carteira com títulos marcados a valor de mercado, o investidor elimina o risco de que cotistas mais atentos ao movimento das taxas de juros saiam da carteira em um momento de queda no valor dos papéis que compõem a carteira do fundo, levando um ganho não compatível com o desempenho da carteira. O problema é que, em uma carteira marcada pela curva de juros, um volume maior de resgates pode exigir que o gestor tenha que vender títulos para pagar esses saques. Caso isso aconteça em um momento de desvalorização desses papéis, o investidor que efetuou o saque não vai compartilhar, junto com os outros investidores que permaneceram na carteira, da oscilação negativa da cota. "Esse prejuízo vai ficar com os cotistas que permaneceram na carteira", explica Márcia Dessen. Vale destacar que esse risco não está descartado, mesmo com a exigência do BC para que a precificação dos títulos pela curva de juros seja usada apenas por papéis que forem mantidos em carteira até o vencimento. Isso porque o gestor não tem como prever movimentos de saques expressivos, como aconteceu no primeiro semestre desse ano, com a adoção da regra de marcação a mercado. Segundo a diretora do Instituto, em uma situação como aquela, o gestor não teria outra opção além de vender também esses títulos marcados pela curva de juros. "Diante da nova realidade sobre a indústria de fundos, a principal recomendação para o investidor é, portanto, escolher uma carteira com precificação dos títulos adequada aos seus objetivos. Além de saber se a carteira tem títulos marcados a mercado ou pela curva de juros, o cotista deve verificar quais são os seus objetivos, o seu horizonte de investimento e os riscos das duas formas de precificação dos papéis", destaca a diretora. Veja mais informações sobre as últimas mudanças na indústria de fundos nos links abaixo.

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