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Fundos compram mina de ferro em Minas Gerais por US$ 250 milhões

A Ferrous, que reúne fundos da Inglaterra, EUA e Austrália, leva a Viga, em mais um lance da corrida por mineradoras

Por Agnaldo Brito
Atualização:

A temporada de aquisições na região do quadrilátero ferrífero, em Minas Gerais - que concentra enormes reservas minerais - foi retomada esta semana. A Ferrous Resources do Brasil, empresa capitaneada por fundos de investimentos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Austrália, fechou a compra da Viga Mineração, uma mina com reservas de 500 milhões de toneladas, localizada em Congonhas (MG), município ao sul de Belo Horizonte. É o primeiro negócio fechado na região depois da crise dos mercados financeiros e que afetaram o ritmo de aquisições. O valor do negócio não foi divulgado, mas a reportagem do Estado apurou que o valor ficou próximo a US$ 250 milhões. Esta é a segunda compra da Ferrous no Brasil. A primeira foi a aquisição da Mineração Esperança, mina com reservas estimadas de 200 milhões de toneladas, também em Minas Gerais, considerada pequena pelos mineradores. A demanda mundial por minério de ferro tem tirado projetos considerados pequenos e pouco competitivos do papel. Além da Ferrous, outros grupos como a MMX, a London Mining e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já fizeram aquisições na região em busca de novos ativos em minério de ferro. Segundo Iraci Parreiras, ex-dono da Mineração Esperança e agora membro do Conselho de Administração da Ferrous, os fundos que financiam a empresa pretendem investir no Brasil mais US$ 250 milhões nos próximos cinco anos e viabilizar a produção de até 20 milhões de toneladas de minério por ano para exportação. O primeiro projeto da Mina Esperança deve começar em 2010. "O plano é produzir 8 milhões de toneladas de minério por ano", diz Parreiras. Na Viga Mineração, o projeto é maior: produção de 12 milhões de toneladas de minério a partir de 2012. A empresa ainda quer disputar outras reservas minerais na região do quadrilátero. Uma fonte ligada às empresas disse que a meta da Ferrous é se tornar a maior mineradora independente da região. Hoje, a J. Mendes é a principal mineradora independente do quadrilátero, mas, segundo rumores, foi posta à venda. Gigantes como BHP Billiton, Vale do Rio Doce e MMX estariam interessadas. A BHP teria feito oferta de US$ 600 milhões. CORRIDA A CSN era uma das interessadas na Viga Mineração. A localização da mina era estrategicamente importante para os planos de aproveitamento da mina Casa de Pedra, localizada em Congonhas e vizinha a área da Viga. "Não há como a CSN fazer o aproveitamento total de Casa de Pedra sem a Viga", diz uma fonte. Os fundos financiadores da Ferrous correm para aproveitar o mais longo período de prosperidade do setor de mineração e siderurgia desde a década de 70. Como nos últimos quatro anos, a perspectiva do mercado é de nova alta no preço do minério de ferro, o que dará ainda mais folga para os investidores em relação à rentabilidade de projetos. O superciclo da mineração trará ao Brasil investimentos de US$ 28 bilhões nos próximos quatro anos. A atividade mineral já representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto. O PIB do setor é de US$ 53 bilhões por ano. Só a produção de ferro representa 0,84% do PIB, com US$ 9 bilhões. Era de 0,25% em 2004. O setor mineral é hoje responsável por boa parte do saldo comercial brasileiro. Em 2006, o Brasil exportou em minério US$ 17,2 bilhões a mais do que importou. Segundo a MB Associados, em 2007, o saldo dos setores de mineração, metalurgia e siderurgia pode chegar a US$ 18,2 bilhões. A expansão do setor ajudou a Vale a crescer. Hoje seu valor de mercado é 3,4 vezes maior que em 2004.

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