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Fundos de hedge vêem Brasil vulnerável a queda nas commodities

Por ELZIO BARRETO
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Preocupações com uma queda nos preços das commodities podem pesar sobre o principal índice acionário da Bovespa e sobre o real nos próximos meses, disseram gerentes de fundos de hedge nesta terça-feira. A economia brasileira pode ser capaz de superar a recessão norte-americana, pois a demanda global tem sido o principal guia para expansão recentemente. Mas o mercado brasileiro é vulnerável a uma queda nos preços das commodities causada por uma desaceleração norte-americana, à medida que o índice Bovespa é liderado por empresas do setor de metais, petróleo e aço. "Não existe um efeito direto da crise norte-americana, mas o risco é com os preços de commodities, já que grande parte do índice Bovespa é commodities", disse Enio Shinohara, sócio da Claritas Investments, um fundo de hedge nacional com aproximadamente 1,1 bilhão de dólares em ativos, em seminário. O Brasil tem ficado parcialmente isolado das crises na economia norte-americana e nos mercados de crédito devido aos preços do minério de ferro, petróleo, soja e de outras commodities que atingiram recordes de alta. O índice Bovespa, que subiu 43 por cento no ano passado, perdeu 0,1 por cento até o momento em 2008, contrastando com o mergulho de mercados emergentes como China e Índia, além dos principais mercados norte-americanos e europeus. Os altos preços das commodities ajudaram a elevar o fluxo de entrada de dólar com exportações e alimentaram a atração por empresas como a Vale e a Petrobras . Investidores disseram que a alta nos preços das commodities pode ter chegado ao fim, elevando as preocupações de que um declínio nos preços irá afetar diretamente a Bovespa. "Nós temos preocupações com commodities, com certeza", disse Christopher Edwards, diretor gerente da Fabien Pictet & Partners Ltd, fundo de hedge sediado em Londres com 700 milhões de dólares em ativos de mercados emergentes. "Você não pode ter sempre uma demanda crescente e preços crescentes." Edwards disse que vendeu ações da Petrobras e Vale, apostando na queda das commodities. O real ganhou 4,2 por cento, após subir mais de 20 por cento em 2007, em parte por causa da entrada de dólares via exportações de commodities e também por ser vulnerável a uma baixa nos preços das commodities. "Nossa moeda está sendo considerada um moeda de commodity. À medida que as commodities ganharam neste ano, a moeda se apreciou", disse Luiz Fernando Figueiredo, sócio da empresa de hedge fund Mauá Investimentos e ex-diretor de política monetária do Banco Central.

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