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Fundos do Unibanco perdem 9,94% do patrimônio em um mês

Saques totalizam R$ 4,7 bilhões em outubro; banco diz que número se deve a distorção estatística

Por Rita Tavares , Mariana Segala e da AE
Atualização:

Os fundos de investimento do Unibanco sofreram saques correspondentes a 9,94% do patrimônio líquido nos últimos 30 dias (até o dia 21), o equivalente a R$ 4,7 bilhões. Atualmente, o patrimônio dos fundos do Unibanco é de R$ 41,8 bilhões. A perda do Unibanco é o pior desempenho, em levantamento feito pela Agência Estado, entre os maiores bancos brasileiros - Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, ABN Amro, HSBC e Santander. Veja também: Unibanco antecipa balanço e divulga alta de 5,6% no lucro trimestral No período de trinta dias, os resgates dos fundos de investimento do Banco do Brasil reduziram o patrimônio líquido em 0,78%. Na Caixa Econômica Federal, os saques foram de 1,15%. Nos bancos privados, os resgates foram de: Bradesco (1,20%), Itaú (2,43%), ABN Amro (1,31%), HSBC (0,24%) e Santander (2,06%). Quando se olha um período de três meses, o Unibanco teve saques que reduziram o patrimônio líquido de seus fundos em 23,41% - quase um quarto do total, segundo dados do site financeiro Fortuna. Nos últimos três meses (até o dia 21), os fundos do Unibanco tiveram saques de R$ 12,8 bilhões, mas quase a totalidade desses recursos saiu de um único fundo de investimento. Os resgates do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não-Padronizados do Sistema Petrobras Seniores somaram R$ 12 bilhões no período.  Segundo a instituição, trata-se de uma distorção estatística. O diretor-executivo da Unibanco Asset Management, Luiz Felipe Andrade, disse que, por ser um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) exclusivo de uma empresa, não envolve gestão de investimento do Unibanco. "Os FIDCs não deveriam estar entre fundos de investimento", disse, criticando os critérios da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) que reúne essas informações. "Não afeta nosso resultado", afirmou Andrade, descartando o impacto que a movimentação do fundo provoca no patrimônio dos fundos da instituição. Para ele, não há um excesso de exposição do banco a um único cliente. Segundo ele, esse é o maior FIDC do mercado e pertence a maior companhia brasileira, a Petrobras. Andrade explicou que o Unibanco ganhou uma concorrência para administrar o fundo. No regulamento, consta que a taxa de administração equivale a 0,01% ao ano sobre o patrimônio líquido. Criado no final de novembro de 2007, o fundo, destinado exclusivamente a empresas do Sistema Petrobras, recebeu um aporte inicial de R$ 2 bilhões e chegou a ter um patrimônio superior a R$ 20 bilhões no mês de maio deste ano. A partir daquele mês, o fundo começou a ter saques expressivos e contínuos. Na última semana de julho, perdeu R$ 4,2 bilhões - dentro do período correspondente a expressiva perda do patrimônio do Unibanco. Atualmente, o patrimônio líquido desse fundo é de R$ 5,9 bilhões. No regulamento disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), consta que o fundo destina-se à aquisição de direitos creditórios performados e/ou não-performados originários de operações realizadas por empresas do Sistema Petrobras nos segmentos industrial, comercial e de prestação de serviços. O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, o FDIC constituído pela estatal junto ao Unibanco é uma espécie de centralização das tesourarias do sistema Petrobras. "Precisávamos de uma figura jurídica que representasse esta conta em que ocorrem todos os créditos e débitos da empresa, e para isso foi criado o fundo", disse. Ele destacou que, em nenhum momento, o FDIC atua como um fundo de investimento. "Tudo o que sobra no caixa da Petrobras não vai para CDB ou qualquer outra aplicação, mas sim para a compra de títulos do Tesouro Nacional", afirmou. O diretor explicou que houve, em dado momento, um descasamento entre os créditos e os débitos deste FDIC. Ou seja, constavam apenas os créditos feitos pelas empresas do sistema Petrobras e não os débitos, com o pagamento de fornecedores. "Na prática nunca saímos do volume inicial de R$ 2 bilhões, um pouco mais, um pouco menos", disse Barbassa. No início do segundo trimestre, houve um maior alinhamento entre o que entrava e saía do fundo para que os valores demonstrados ficassem mais próximos da realidade. "É neste momento que passam a aparecer as retiradas deste fundo. Na prática, eram operações que já estavam ocorrendo e continuaram a ocorrer na mesma proporção." (*colaborou Kelly Lima)

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