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Fundos: investidor deve dar mais atenção à gestão

Sair de um fundo de investimento que registrou perdas é realizar o prejuízo. A principal recomendação é aguardar por uma recuperação do valor dos papéis. Porém, o investidor deve adotar uma nova postura a partir de agora, dando mais atenção à gestão de seus recursos.

Por Agencia Estado
Atualização:

Investidores que permaneceram nos fundos de investimento e apuraram prejuízos nos últimos dias devem ter cautela antes de tomar qualquer decisão em relação às suas aplicações. "Sacar agora é uma realização de prejuízo, pois as cotas dos fundos já registraram a oscilação negativa", afirma o ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio da MCM Consultores, José Júlio Senna. Porém, mesmo permanecendo no fundo para tentar recuperar perdas, o investidor deve mudar a postura em relação ao gestor dos seus recursos. "O investidor deve acompanhar a composição da carteira de seu fundo. O prospecto do produto deve ser analisado com cuidado, pois alguns trazem as limitações em relação aos tipos de papéis que poderão ser comprados, sejam eles públicos ou privados, e o prazo médio desses títulos", afirma a diretora técnica do Instituto Brasileiro de Certificação de Planejadores Financeiros (IBCPF), Márcia Dessen. Segundo ela, o investidor no Brasil precisa mudar seu comportamento, questionando mais e analisando freqüentemente sua aplicação. "Isso geralmente acontece quando há perdas, como ocorreu agora. Porém, deveria acontecer também quando os ganhos estão acima da média. Nessa hora, ninguém desconfia", declara a diretora. Ela reconhece que muitos gestores não prestam essas informações e parte dos gerentes não têm capacitação profissional para esclarecer algumas dúvidas técnicas dos investidores. "Esse já é um sinal de alerta. A gestão do fundo de investimento é uma relação de confiança entre a instituição e o investidor. Se não há confiança, é hora de pensar seriamente em mudar de banco", analisa a diretora do IBCPF. Apoio em órgãos fiscalizadores A fiscalização dos fundos de renda fixa já está a cargo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Alguns processos ainda estão em fase de transição, como os procedimentos para que a autarquia receba diariamente dados sobre as carteiras de renda fixa das instituições, assim como acontece hoje com os fundos de ações que já são fiscalizados por ela. "Mas isso não significa que o investidor está desprotegido. A CVM já tem competência para fiscalizar qualquer fundo de renda fixa. Portanto, se o investidor não conseguir resolver suas dúvidas com o administrador da sua carteira deve recorrer à autarquia, afirma o gerente de credenciamento de investidores institucionais da CVM, Luís Felipe Lobianco. Segundo ele, o primeiro passo é encaminhar a reclamação ao Banco Central, o qual vai repassar o problema para a CVM. "O BC também vai emitir um parecer sobre a questão, já que até o mês passado cabia ao BC fiscalizar essas carteiras", afirma. Veja mais informações sobre o assunto nos links abaixo. Expectativa de reversão das perdas A partir de agora, a tendência é que essas oscilações negativas sejam revertidas. Isso porque a marcação a mercado faz com que a cota de um fundo reflita o comportamento real dos juros. Como estes papéis pós-fixados que compõem as carteiras estão com um desconto muito alto em função do risco que embutem, a expectativa dos analistas é de que voltem a se valorizar. De qualquer forma, segundo Senna, isso vai depender da forma como a dívida pública for administrada. "Hoje esse risco é alto devido às incertezas em relação à capacidade do governo honrar sua dívida. Se o governo conseguir encurtar o prazo da dívida, recomprando títulos públicos mais longos e colocando papéis com vencimento mais próximo, a situação poderá se acalmar." O problema, afirma o ex-diretor do BC, é que os investidores estão cautelosos com qualquer papel que tenha vencimento a partir de janeiro do próximo ano, quando o novo presidente assumirá. Veja mais informações sobre aplicações nesse momento de incerteza nos links abaixo. Segundo o vice-presidente do BankBoston, Ricardo Gallo, essa nova realidade na indústria de fundos também deixará claro para os investidores as conseqüências das condições econômicas e fiscais do País para o desempenho das carteiras. "Se há uma política fiscal responsável e as condições econômicas do País são boas, o investidor não será surpreendido por oscilações nas taxas de juros. Principalmente agora, em que a marcação a mercado vai refletir de fato o comportamento dos juros, esse seria o cenário mais favorável para o investidor", declara.

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