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Fundos: nova realidade assusta investidores

Com a adoção da regra de marcação a mercado, muitos investidores, assustados com a nova realidade para os fundos, migraram suas aplicações para outros ativos, como CDBs, poupança e ouro. Porém, também nesses ativos, é preciso reconhecer os riscos do investimento.

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a adoção da regra de marcação a mercado para os fundos de investimento, que provocou perdas para muitos cotistas, o investidor já começa a demonstrar maior interesse em se informar sobre suas aplicações. De acordo com gestores de algumas instituições, começam a surgir questionamentos sobre a composição da carteira e o risco que elas assumem, fato que dificilmente acontecia. Além disso, muitos investidores sacaram recursos dos fundos de investimento e passaram a procurar outras formas de aplicação. Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), entre os dias 31 de maio e 6 de junho, os fundos referenciados DI (pós-fixados) e os fundos de renda fixa prefixados apresentam saques no total de R$ 3,936 bilhões. Certificados de Depósito Bancário (CDBs) Parte dos recursos foi direcionada para os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Segundo dados da Central de Custódia de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), no período entre os dias 31 de maio e 7 de junho, foram direcionados cerca de R$ 7,9 bilhões a CDB. Para esse produto, há o risco de solidez da instituição que emite o título, já que ela será a responsável pelo pagamento da aplicação e seus rendimentos. "Também aqui o investidor não está livre das oscilações, pois, caso necessite resgatar seus recursos antes do vencimento, terá de negociar uma taxa de juros compatível às condições do mercado", afirma o analista de investimento Mauro Halfeld. Além disto, ao contrário do que ocorre com a aplicação em fundos, o investidor que adquire um CDB precisará reaplicar seus recursos após o vencimento do certificado, incorrendo em novo pagamento da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras, a CPMF. Poupança Também houve quem optasse para a caderneta de poupança. Números do Banco Central (BC) informam que o saldo das cadernetas de poupança passou de R$ 1,602 bilhão em 28 de maio para R$ 2,528 bilhões em 5 de junho. Um aumento de 57,8%. "Mas, em troca de segurança, o investidor terá que aceitar uma das rentabilidades mais baixas em relação a outros investimentos. Muitas vezes, com desempenho abaixo da inflação", afirma Mauro Halfeld. Para dar uma idéia desse rendimento menor, Halfeld cita os números: do dia 1º de julho de 1994 (início do Plano Real) até o dia 31 de maio de 2002, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) apresentou alta de 171,84% acima do Índice Geral dos Preços DI (IGP-DI), já descontando-se a alíquota de Imposto de Renda (IR) de 20% que incide sobre os ganhos das aplicações atreladas às taxas de juros. Na poupança, segundo ele, esse ganho foi de 59,4% acima do IGP-DI. Ouro Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o destaque tem sido o número de contratos de ouro disponível, que saltou de 82, no dia 31 de maio, para 600, na quinta-feira passada, dia 6 de junho. Esses contratos são os negociados no mercado à vista e representam certificados de compra do metal. Cada um deles equivale a uma barra de 250 gramas de ouro. Nesse mercado, o risco é baixo, mas o investidor fica suscetível às oscilações do preço do ativo no mercado internacional. Boi Os contratos de Investimento Coletivo (CIC´s), que permitem ao investidor comum aplicar seus recursos na engorda de boi, também registraram aumento na captação de recuros. Na semana passada, a Arroba´s SA, atualmente a única empresa que comercializa contratos de engorda de boi, registrou um aumento da ordem de 150% na captação de recursos por meio desses contratos. O número de contratos fechados na semana foi de 150, contra uma média de 48, de acordo com informações da empresa (cada contrato equivale a 10 arrobas). Vale lembrar que quem investe em CIC´s deve estar ciente dos riscos da aplicação, precisa ter informações sobre a empresa emissora e confiar na saúde financeira desta. Fundos terão maior transparência Analistas afirmam que nesse momento é importante que o investidor entenda a nova realidade para os fundos de investimento, a qual não traz desvantagens em relação ao período anterior à adoção da regra de marcação a mercado. Eles explicam que as mudanças implementadas pelo Banco Central (BC) trazem maior transparência para os produtos, mas deixaram evidente a premissa de que os fundos de investimento embutem um certo grau de risco. Esse risco será maior ou menor, dependo dos papéis que estiverem compondo essas carteiras. "Devido à marcação dos papéis pelo valor de face dos títulos, o investidor tinha a falsa impressão de que a aplicação apresentava risco zero", afirma a diretora técnica do Instituto Brasileiro de Certificação de Planejadores Financeiros (IBCPF), Márcia Dessen. O fato é que a marcação a mercado faz com que a cota dos fundos referenciados DI fique suscetível às condições do mercado, que são guiadas, principalmente, pelas perspectivas dos investidores em relação à economia do País. Como são carteiras compostas em grande parte por títulos públicos pós-fixados, a rentabilidade está vinculada aos juros pagos pelo governo para a captação de recursos. Portanto, o ganho e a possibilidade de oscilação das cotas vai depender da credibilidade do governo junto aos investidores. Veja mais informações sobre o assunto nos links abaixo.

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