PUBLICIDADE

Publicidade

Fundos perdem patrimônio de R$ 11 bi em junho

Saída de capitais dos fundos de investimento, de acordo com Associação Nacional de Bancos de Investimento, foi de R$ 16,5 bilhões no ano. Só em junho, foram sacados R$ 11,6 bilhões.

Por Agencia Estado
Atualização:

A histeria que tomou conta do mercado financeiro nas últimas semanas aumentou ainda mais o saque nos fundos de investimento, que já haviam sofrido um duro golpe quando o governo decidiu antecipar o ajuste da aplicação ao sistema de "marcação a mercado". Ao olhar os dados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), fica claro o estrago provocado por essa combinação de fatores. O patrimônio dos fundos já caiu R$ 16,5 bilhões, sendo que R$ 11,6 bilhões saíram apenas nos primeiros dezessete dias de junho. Desse total, o gestor de recursos da Máxima Asset Management, Raphael Câmara, estima que cerca de R$ 10 bilhões tenham literalmente fugido da indústria de fundos e se refugiado na segurança da caderneta de poupança. "A marcação por valor de mercado realmente assustou os investidores, que estavam acostumados ao porto seguro das aplicações de renda fixa", confirmou o especialista. Os números são mais assustadores quando se percebe que mais da metade desse valor saiu dos fundos de renda fixa em junho, cerca de R$ 6,3 bilhões. Hoje, a indústria total de fundos tem patrimônio de R$ 360 bilhões. A desconfiança provocada pela mudança de regras ocorreu em um período de muita instabilidade no sistema financeiro, o que aumentou ainda mais a volatilidade das cotas dos fundos. A corrida pela sucessão presidencial, a disparada do dólar e o do Risco Brasil criaram uma sensação de pânico para os investidores. O desconforto, ressalta Câmara, é justificável porque até então os aplicadores de renda fixa e de DI, por exemplo, estavam acostumados a pequenas oscilações em suas cotas. Com a mudança antecipada pelo Banco Central, houve perdas diárias superiores a 3% em algumas instituições. "Além da poupança, muita gente correu para os CDBs de bancos de primeira linha, com vencimentos de até 90 dias", completa o gestor da Máxima. No mercado, as expectativas não são otimistas em relação à indústria. Além das eleições, a falta de confiança provocada pela mudança de regras deixará os investidores ainda mais retraídos por um bom tempo. "Não vejo retomada da indústria de fundos em um período inferior a um ano. Levará tempo para mercado de fundo recuperar a confiança perdida", analisou um executivo do mercado carioca.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.