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‘Fundos públicos devem ser reformatados’

Segundo secretário especial de Fazenda, é provável que regra de ouro sofra mudanças

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - Fundos públicos devem ser reformatados para alocar os recursos de forma mais eficiente, disse o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Leia os principais pontos:Riscos fiscais Existe um total de 361 medidas no Senado e 950 na Câmara para as quais nossa equipe analisa tema, áreas afetadas, impacto fiscal, velocidade de tramitação e interlocução necessária. São medidas que têm impacto fiscal. No Judiciário, no STF, temos 170 medidas que estão no nosso radar.

Fundos públicos A intenção é retrabalhá-los para caminhar para a extinção e realocar recursos de maneira mais eficiente. Hoje existem 261 fundos públicos, 93 deles ativos. Todos devem ser reformatados. Faremos isso com mudanças na Constituição. 

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Déficit primário Não trabalhamos com mudança na meta. Temos, pelo PLDO, previsão de déficits primários nos próximos três anos, de magnitude relativamente elevada: R$ 124 bilhões, R$ 68 bilhões e R$ 31,6 bilhões, respectivamente.Regra de ouro É mais provável que mude, mas no sentido de melhorar a operacionalização. Ela tem virtude correta: a União só pode se endividar se for para investir, ou seja, uma receita valiosa ou de melhor característica, que é a receita de capital, tem de ter limites quando o uso é para despesa menos valiosa, que são as despesas correntes.Teto de gastos É um dos poucos elementos que fez com que o desequilíbrio fiscal não fosse maior e permitiu redução de 0,5% do PIB na despesa primária da União. Entendemos o teto como virtuoso, mas ainda incompleto, e precisa ser aperfeiçoado. Pode haver outros elementos que precisem ser analisados, por exemplo a dívida pública e seu porcentual no PIB, para ver se o atendimento a essas regras condiz com o status da economia. 

Despesas obrigatórias Respondem por 92% do Orçamento, mas na prática temos mais 4% que não são obrigatórias, mas é difícil cortar. O Bolsa Família, por exemplo. Uma PEC vai tratar dessa mudança. Vamos colocar para o Parlamento sua função primordial, saber onde alocar recursos. A ideia é que o Orçamento fique desengessado. Essas despesas vão ser desindexadas e desobrigadas. 

Desindexação Uma despesa não pode ter mecanismos de correção e indexação para o futuro. É o caso da remuneração do serviço público. Tivemos aumento de 5% por ano em quatro anos. Esse é o último ano. Então, indexou uma despesa com pessoal em cargos. Isso a PEC vai proibir.Salário mínimo É o que traz maior nível de indexação. A ideia é que não tenhamos indexação atrelada a despesas. O governo tem até dezembro para definir a política do salário mínimo. O que vamos manter no projeto de lei orçamentária de 2020 é o que está na Constituição: preservar o poder de compra do salário mínimo.Perdão à dívida do Funrural É uma decisão política que, se vier para a área técnica, vai implicar redução de despesas em outras áreas. Não é uma decisão nossa.Privatização da Eletrobrás Os ministros terão reuniões com os presidentes do Senado e da Câmara para discutir a tramitação do projeto de lei, que é imprescindível. É algo para daqui a algumas semanas. É uma medida que pode contribuir para desbloquear o Orçamento. Não é a única.Orçamento 2019 Precisamos de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões para recompor as despesas e dar alívio até o fim do ano. Há ações possíveis para isso.

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