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FUP diz que greve parou produção na P-34; Petrobras nega

Além da plataforma de produção na camada pré-sal, federação diz que outros terminais estão parados

Por Kelly Lima e Daniele Carvalho
Atualização:

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que a greve iniciada entre a noite de domingo e a manhã desta segunda-feira, 23, conseguiu parar a produção da plataforma P-34, no campo de Jubarte, na bacia de Campos, maior região petrolífera brasileira, e atividades em terminais espalhados pelo País. A Petrobras negou, em comunicado, que qualquer unidade esteja com as operações paralisadas.

 

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"Parou a produção da P-34, que é uma plataforma emblemática por ser a primeira do pré-sal", afirmou à Reuters o coordenador da FUP, João Antonio Moraes. A categoria reivindica maior segurança no trabalho e garantia de emprego nas empresas que prestam serviços à Petrobras, além de melhor distribuição na participação nos lucros e resultados da companhia.

 

A P-34 foi a primeira plataforma a produzir petróleo na camada pré-sal, uma faixa que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina e que pode conter reservas de bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás natural) e colocar o Brasil entre os grandes produtores da commodity nos próximos anos.

 

Segundo Moraes, a adesão à greve foi nacional e ao longo do dia outras paradas de plataformas devem acontecer. Refinarias e terminais pelo País todo estão aderindo ao movimento, segundo Moraes. A Refinaria de Manaus (Reman) está com 100% de suas atividades paralisadas por conta da greve nacional. Ainda de acordo com a federação, as plataformas marítimas de exploração de petróleo no Estado do Rio Grande do Norte também estão com as operações suspensas.

 

A paralisação também teria ocorrido em 28 das outras 44 plataformas na Bacia de Campos. Procurada, a Petrobras desmente que qualquer uma de suas unidades esteja com as operações paralisadas e restringiu-se a dizer que algumas estão sendo operadas por grupos de contingências. A empresa, no entanto, não informa quais seriam estas unidades. "A Petrobras continua aberta às negociações e avalia que a mesa de negociação é o melhor caminho para solucionar o impasse", diz a nota da empresa.

 

A P-34 tem capacidade de produção de 60 mil barris de petróleo por dia. No início do ano, uma falha na válvula de bloqueio da plataforma matou um funcionário terceirizado da Petrobras, da UTC Engenharia. Em outubro de 2002, depois de uma pane elétrica, a P-34 chegou a correr risco de afundar, adernando 40 graus em meia hora, mas foi estabilizada em poucos dias.

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"A adesão está muito forte, paramos a P-34 e os terminais de Suape em Pernambuco, o terminal de Solimões no Amazonas e o terminal Guarulhos, na Grande São Paulo", informou Moraes à Reuters por telefone. Moraes disse, no entanto, que a parada de plataformas e dos terminais não afetará o abastecimento do País. "Vamos garantir o atendimento das necessidades fundamentais da população", explicou o sindicalista.

 

No ano passado, a categoria conseguiu reduzir em julho a produção da estatal em 136 mil barris diários, mas um plano de contingência foi instalado pela Petrobras e normalizou as atividades no mesmo dia. Para o analista do BB Investimentos Nelson Matos, a greve não vai afetar o comportamento das ações da companhia se o plano de contingência for novamente bem sucedido. "Temos que aguardar os acontecimentos, porque se a Petrobras implantar logo o plano de contingência pode não ter consequências, igual à greve do ano passado", afirmou o analista.

 

Justiça

 

A Petrobras obteve liminar judicial quer permite o desembarque dos trabalhadores que operam plataformas exploratórias de petróleo durante a greve preparada para até a próxima sexta-feira pela FUP. A liminar foi concedida pela 17ª Vara da Justiça do Rio, em Macaé, e atende a todas as unidades instaladas na Bacia de Campos. Segundo a decisão judicial, a estatal tem que garantir também a segurança para os trabalhadores que optarem por permanecer em greve ainda embarcado nas plataformas.

 

Investimentos

 

Por volta das 11 horas, os papéis preferenciais da Petrobras subiam 3,78% na Bolsa de Valores de São Paulo, cotados a R$ 30,20, acompanhando alta do petróleo. O Ibovespa operava em alta de 3,61%, no mesmo horário.

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