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Furlan admite que governo não sabe parar queda do dólar

A quatro dias de deixar o governo, o ministro do Desenvolvimento afirmou também que o desafio do seu sucessor, Miguel Jorge, será impulsionar o mercado interno

Por Agencia Estado
Atualização:

A quatro dias de deixar o governo, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, diz que o Brasil enfrenta um dilema em relação ao câmbio e admite que o governo não sabe como frear a valorização do real, que tem tirado a competitividade de alguns setores brasileiros no mercado internacional. "Quanto mais a situação do Brasil melhora, em termos de credibilidade, em termos de reservas internacionais e de superávit comercial, maior vai ser o afluxo de recursos estrangeiros, e, de uma certa forma a pressão sobre o câmbio", prevê o ministro, que está nesta segunda-feira, 26, no Uruguai, liderando uma missão com cerca de 30 representantes do governo e do setor privado. Furlan sugere que os setores que ainda não se adaptaram ao novo patamar do câmbio que ofereçam sugestões para melhorar a produtividade. "O que a gente pede é que os setores, que ainda colocam esse tema, que coloquem sugestões. Aquilo que se dizia que precisava comprar mais (dólar), está sendo comprado agressivamente. Ninguém imaginava em janeiro do ano passado, que as nossas reservas internacionais pudessem caminhar para US$ 150 bilhões em 2007", disse. Para o ministro, o governo deve encontrar caminhos para dar ganhos de produtividade à produção brasileira retirando pesos e entraves que hoje a encarecem. Ele lista três frentes de ação: melhorar a infra-estrutura do País; reduzir a carga tributária e os custos financeiros; e eliminar a burocracia. Para Furlan, os estudos no governo para continuar desonerando os setores afetados pela valorização do real deveriam ser levados adiante. Na avaliação do ministro, o desafio do seu sucessor, Miguel Jorge, será impulsionar o mercado interno, depois de quatro anos de recordes sucessivos no comércio exterior. Para ele, o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma oportunidade para investir em políticas industriais. "O presidente Lula tem dito que já existe uma força que movimenta as exportações", disse. Furlan também defende a necessidade de Miguel Jorge levar adiante a busca por investidores estrangeiros nas áreas de semicondutores e fármacos. Futuro Luiz Fernando Furlan garante que ainda não tem planos para o futuro. Ele se diz aliviado com a saída do governo e ao mesmo tempo preocupado. "Não tem nada melhor do que acordar com um desafio pela frente. As pessoas são movidas pelo desafio e pelo reconhecimento", disse o ministro, que se encontra no Uruguai liderando pela última vez uma missão empresarial. Ele contou que o presidente Lula, que fez de tudo para mantê-lo na equipe, tem dito que ele não se acostumará com a sua nova atividade. "Então, eu estou procurando de um lado ter essa sensação prazerosa do dever cumprido, mas fico pensando como vou acordar na segunda-feira, da semana próxima, sem ter agenda para cumprir", contou. Furlan diz que deixa o governo mais maduro, compreendendo as oportunidades e as dificuldades e muito mais animado com o País. "Estou muito mais convicto de que estamos gradualmente ocupando um espaço de um país grande que está virando um grande país", disse. Ele garante que ainda não tem planos para o futuro e que não pretende suceder seu pai no conselho administrativo da Sadia. "Vou começar projetos novos, mas não tenho nada concreto por enquanto e não vou abrir nenhum tipo de conversação antes de ficar totalmente liberado", garante o ministro que ainda terá que cumprir quatro meses de quarentena. A posse do novo ministro, Miguel Jorge, deve ocorrer na quinta-feira, 29, mas Furlan já se despediu dos seus funcionários na semana passada quando o nome de Miguel Jorge foi confirmado. Furlan foi o ministro que mais tempo esteve no cargo. Ele ressaltou que são 51 meses no governo, 136 viagens e 451 dias no exterior. Sempre que perguntado sobre os exemplos que deixará para o sucessor, o ministro desconversa. "Essa é minha única experiência no setor público. Não vou dar aula de emprego público", disse. "Administrar é ter bom senso, é ter capacidade de formar uma boa equipe. Ministro não precisa ser um Pelé, precisa ser um técnico que componha um bom conjunto para ganhar o jogo", pondera.

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