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Furlan ataca ''bombardeio'' contra o etanol

Por Anne Warth
Atualização:

O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan disse ontem haver um "bombardeio mundial" contra os biocombustíveis, responsabilizados pelo aumento dos preços dos alimentos. Na avaliação dele, a elevação dos preços é conseqüência do aumento do consumo de chineses e indianos, beneficiados pelo crescimento econômico nos dois países. Para Furlan, é um problema de certa forma positivo, que poderá ser resolvido pelo aumento da produção mundial de alimentos. "Há um bombardeio mundial em relação a essa questão do aumento de preço de alimentos, que poderia ter origem no uso de grãos para biocombustíveis", disse ele na entrega do Prêmio Especial Leonardo 2008 e do Prêmio Internacional do Ministério do Comércio Internacional pelo Instituto Italiano de Comércio Exterior, na capital paulista. Furlan recebeu o primeiro prêmio e o segundo foi dado ao Grupo Marcegaglia. "Eu acredito que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha dado a resposta correta. Graças a Deus, há mais gente com condições de se alimentar com proteínas no mundo, principalmente os chineses e indianos, e isso demanda uma produção maior. Temos de nos concentrar neste momento em fazer investimentos para atender à demanda mundial", disse. O embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, concordou com Furlan. "Não acredito que os biocombustíveis sejam responsáveis pela inflação. O aumento do consumo de alimentos por Índia e China é um fato que deveria ter sido previsto, mas que, estranhamente, ninguém previu." Também presente ao evento, o senador italiano Alfredo Diana, membro do Comitê Leonardo, destacou que a Itália, em razão de sua reduzida área territorial, jamais terá condições para produzir biocombustíveis, mas ressaltou que o país poderá se tornar um grande importador dos combustíveis vegetais produzidos pelo Brasil. Ele lembrou também que problemas de produção na Austrália e no Japão acentuaram a questão da escassez mundial de alimentos. "Nesse cenário em que todos vão comer cada vez mais, todos devemos nos colocar, pois a fome mundial deve ser combatida." Furlan considera também que há exagero nas críticas de que a expansão dos biocombustíveis ameaça o meio ambiente. Ele citou informações de estudo científico que compara a cobertura vegetal do mundo hoje com a de mil anos atrás. "O Brasil é um país que tem 60% das florestas que tinha há mil anos. A Europa tem apenas 0,3% e a América do Norte, 19%, isso em razão das reservas do Canadá, e não dos Estados Unidos e México. A Índia praticamente eliminou todas as suas reservas", afirmou. "Há uma grande polêmica em torno do assunto, o que é legítimo, mas o Brasil, com as medidas que está tomando para evitar o desmatamento, pode ser um grande exemplo para o mundo", disse Furlan.

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