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Furlan une ''Mancha e Gaviões''

Negociação supera as diferenças

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

Uma das marcas de Luiz Fernando Furlan é seu perfil de exportador. Sob seu comando, a empresa da família, a Sadia, fortaleceu o perfil internacional e ganhou prestígio. Não foi diferente quando ele integrou o governo Lula. Furlan herdou exportações de US$ 60,36 bilhões e, quatro anos depois, o valor chegou a US$ 137,47 bilhões, um salto de 127,7%. Não se esperava menos do executivo que ganhou o posto no governo porque Lula queria alguém bom de exportação. A pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior foi uma das poucas a não ser preenchida por critério político. No dia em que tomou posse, Furlan disse que convocaria celebridades brasileiras, como Pelé, Ronaldinho e Paulo Coelho para "vender" o Brasil. Um de seus primeiros atos foi fortalecer a área de promoção comercial, que até então funcionava como apêndice do Sebrae. Ele criou uma agência com orçamento próprio, a Agência de Promoção de Exportações (Apex). Com uma política mais agressiva, os produtos brasileiros chegaram a mercados tão diversos quanto Europa, China, Oriente Médio e América Central. Nos 51 meses que passou no governo, Furlan ficou conhecido por não hesitar em comprar brigas para defender suas ideias. E não foram poucas. A primeira foi contra a lentidão da máquina governamental. Para os momentos de irritação, tinha em seu gabinete uma máxima de Santo Ildefonso (1696-1787) que recomenda cinco coisas para uma vida tranquila: "Uma taça de ciência, uma garrafa de sabedoria, um barril de prudência, um tonel de consciência e um mar de paciência". Furlan deixou o governo em outubro do ano passado, para reassumir a presidência do Conselho de Administração da Sadia, depois das perdas bilionárias com derivativos. Neto do fundador da Sadia, Furlan foi o responsável por conduzir as negociações com a Perdigão. Em fevereiro de 2009 admitiu, em entrevista ao Estado, que os herdeiros da Sadia não tinham "restrição cultural" a deixar o controle da empresa. Mas disse que na época não havia oferta da Perdigão e comentou que seria muito difícil uma negociação com os concorrentes. "É uma tarefa de Hércules. Seria como unir Corinthians e Palmeiras. Não basta unir os jogadores, tem de juntar também a Gaviões e a Mancha Verde, o que, convenhamos, não é fácil." Ontem, no anúncio da fusão, Furlan vestiu a camisa do Corinthians, que tem a Perdigão como um de seus patrocinadores, agora Brasil Foods.

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