PUBLICIDADE

Futuro da Rodada Doha é incerto, dizem especialistas

Por Suzi Katzumata
Atualização:

Depois do fracasso da reunião de cúpula ministerial em Genebra, o futuro da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), não está claro. Tecnicamente, a rodada ainda está viva, segundo executivos da OMC. Os EUA permanecem comprometidos com a sua conclusão, segundo afirmou a representante de Comércio do país, Susan Schwab. Contudo, outros negociadores não demonstravam o mesmo otimismo. Ontem, o Comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, já havia dito que um fracasso esta semana equivaleria a um "funeral" para a rodada comercial. Especialistas de comércio alertaram que os constantes fracassos da rodada - este foi o oitavo encontro ministerial desde o seu lançamento, em 2001 - devem significar o fim dos grandes acordos comerciais multilaterais. "As rodadas anteriores colheram os frutos mais baixos (ao alcance)", disse William J. Bernstein, autor do livro "A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World" (Uma esplêndida troca: como o comércio moldou o mundo). "Portanto, podemos ter alcançado o fim da linha para os acordos comerciais", acrescentou, segundo informações da Dow Jones. "Claramente não é um sucesso, mas ninguém vai querer dizer que é o fim da rodada", disse um representante da UE ao jornal Financial Times. Phil Goff, ministro de Comércio da Nova Zelândia, disse que é improvável qualquer nova reunião de ministros antes do próximo ano. "Será muito difícil realizar discussões substantivas antes que ocorra uma mudança na Casa Branca e haja eleições na Índia", afirmou. Goff disse que houve progressos nos últimos nove dias, o que dará uma base sobre a qual as discussões poderão ser retomadas. Mas outros delegados disseram ao FT que seria politicamente impossível congelar as discussões em seu estado atual para retomar as mesmas no futuro próximo. As negociações comerciais para alavancar a Rodada Doha novamente fracassaram hoje depois que os EUA, China e Índia falharam em chegar a um acordo sobre o direito dos países asiáticos em impor tarifas de emergência para proteger seus agricultores. Apesar da presença de mais países em Genebra, a maioria das negociações ocorreu dentro de um pequeno grupo de relevância comercial: UE, EUA, Austrália, Japão, China, Índia e Brasil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.