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G-20 atendeu aos pedidos do Brasil sobre reforma do FMI e Doha

Comunicado final diz que países precisam se esforçar para concluir rodada global de comércio até o fim do ano

Por Patrícia Campos Mello e Tania Monteiro
Atualização:

Duas reivindicações do Brasil - a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e um comprometimento com a conclusão da Rodada Doha - foram incluídas no comunicado final do G-20. No texto, o grupo afirma estar "comprometido com o avanço da reforma das instituições de Bretton Woods para que eles possam refletir melhor a mudança no peso das economias do mundo". Os líderes também pedem um aumento no colchão de reservas do FMI para lidar com a crise atual, medida que enfrentava oposição dos Estados Unidos. "Rever o volume de recursos do FMI, Banco Mundial e outras instituições multilaterais e estar pronto para aumentar" é a recomendação do comunicado. Várias nações estão buscando ajuda, como Hungria, Islândia, Ucrânia. Hoje o Fundo tem disponíveis cerca de US$ 250 bilhões. Ontem mesmo, o Fundo anunciou um empréstimo de US$ 7,6 bilhões para o Paquistão. O Japão anunciou durante a cúpula um empréstimo de US$ 100 bilhões para o Fundo ajudar países afetados pela crise. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, sugeriu que a China e as nações do Golfo Pérsico contribuíssem com mais recursos para o Fundo. O Fórum de Estabilidade Financeira (FEF) deve ser "expandido urgentemente para incluir a participação de economias emergentes", diz o documento. O FMI, juntamente com o FEF, devem atuar para identificar vulnerabilidades, antecipar potenciais estresses e agir rapidamente para conter as crises. E o FMI deve fazer relatórios de supervisão de todos os países . Hoje, os EUA não se submetem a essas avaliações. O G-20 faz também uma menção à rodada multilateral de comércio. "Precisamos nos esforçar para chegar a um acordo sobre modalidades da Rodada Doha ainda neste ano", consta do texto. Os líderes também ressaltam a importância de evitar o protecionismo, a necessidade de não levantar novas barreiras ao comércio nos próximos 12 meses nem restrições a exportações ou incentivos a exportação que não sejam consistentes com as regras da OMC. "Com este encontro, até a rodada de Doha desencantou", brincou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele destacou que é preciso garantir que o comércio internacional desenvolva e os erros dos anos 30 não aconteçam de novo. Nesse período, os países se fecharam e veio o protecionismo. O FMI e o FEF devem apresentar recomendações para evitar a "prociclicalidade", incluindo a forma como determinação de valores, alavancagem e capital dos bancos podem exacerbar os ciclos econômicos. A prática de marcação a mercado, segundo a qual os bancos devem atualizar o valor de seus ativos em seus balanços de acordo com o valor de mercado, pode exacerbar perdas em épocas de crise. Na análise de Mantega, ocorrerá uma ação coordenada de governos do Brasil, Inglaterra e Coréia. "Vamos conduzir os trabalhos técnicos e organizar as equipes para encaminhar a questão da regulação dos mercados e, até 30 de abril, na Inglaterra, teremos uma proposta de regulação, com transparência, para sabermos exatamente o que acontece no mercado." Ele acrescentou que a regulação tem de ser internacional, para ser eficaz. Mantega contou que, durante o encontro, a iniciativa da China de fazer política de estímulo à economia foi aplaudida. "Vamos seguir este caminho." Mas ponderou que o governo terá uma política fiscal e tudo será feito com responsabilidade.

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