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G-20 estuda taxar bancos para criar seguro contra crises

Por ANDREI NETTO
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De forma discreta, o comunicado final da reunião de ministros do G-20, ocorrida hoje em Saint Andrews, na Escócia, prevê que as maiores economias do mundo estudarão a criação de uma taxa sobre o setor financeiro, com o objetivo de alimentar um fundo de seguro contra crises sistêmicas ou de reduzir déficits públicos causados pelo socorro aos bancos. Segundo o comunicado, o tema será discutido no próximo encontro do G-20 com base num relatório do FMI sobre o assunto.O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, já havia proposto na abertura do evento a adoção de uma taxa sobre transações financeiras internacionais. Em discurso - no qual estava ladeado pelo ministro de Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, e pelo presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles -, Brown evocou as propostas de criação de uma taxa global de seguro que serviria de garantia em caso de risco sistêmico no setor bancário, como o ocorrido quando da bancarrota do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008. À imprensa, Darling especificou que o FMI vai analisar a melhor proposta sobre o tema e garantiu que a resistência dos Estados Unidos à ideia não significa que ela esteja fadada ao fracasso.O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, considerou a taxação um dos dois temas centrais da conferência - ao lado da nova estrutura para o reequilíbrio econômico mundial - e afirmou que planeja apresentar sua proposta final em junho, durante reunião de cúpula do G-20. Ele explicou, entretanto, que o imposto não incidiria sobre transações financeiras, porque seria ineficaz, nem se inspiraria na Taxa Tobin, proposta em 1972 pelo Prêmio Nobel de Economia James Tobin. "Não tem muito a ver com a Taxa Tobin, proposta há 40 anos, e provavelmente não será sobre transações financeiras, porque seria muito difícil de ser aplicada", antecipou.A taxação de capital financeiro, entretanto, já se anuncia como mais um dos pontos de divergência no G-20. Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, descartou apoio à proposta. "Não é algo que estejamos preparados para apoiar", disse. A iniciativa tem, por outro lado, a bênção da França.

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