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'G-7 não tem mais condições de conduzir sozinho', diz Lula

Na abertura da reunião do G-20 financeiro, presidente defende maior participação dos emergentes em decisões

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Por Redação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado, 8, durante discurso na abertura do encontro do G-20 financeiro, que os países emergentes tenham mais participação nas decisões sobre a regulamentação do sistema financeiro mundial. "O G-7 não tem mais condições de conduzir sozinho" a recuperação da economia global, afirmou o presidente.                                                                                                                         Paulo Liebert/AE Veja também: Saiba os assuntos que serão discutidos no G-20 De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise Dicionário da crise  "Está na hora de uma nova governança, mais aberta e participativa. E o Brasil está pronto para isso", disse durante a reunião, que reúne presidentes de bancos centrais (BCs) e ministros de finanças dos países desenvolvidos e dos principais emergentes. "O G-20 tem muito a contribuir. E a superação dessa crise passará pela colaboração desses dois grupos (O G-20 e o G-7)." O presidente afirmou que, ainda que a riqueza mundial continue concentrada nos países desenvolvidos, o crescimento está sendo mais robusto nos países emergentes. "O próprio FMI reconhece que 75% do crescimento mundial tem sido gerado pelos emergentes nos últimos anos. E essa tendência se manterá em 2009", disse. Ele ressaltou que um dos efeitos mais preocupantes da crise financeira ocorre no comércio. "Os países ricos vão reduzir suas importações, afetando a balança comercial das nações em desenvolvimento. E isso não interessa a ninguém", disse. O presidente acrescentou que os países devem evitar a "tentação do protecionismo". "As lições da crise de 29 devem servir de alerta para todos nós. Na ocasião, medidas unilaterais apenas prolongaram a recessão. Devemos organizar uma ação coordenada, mas o exemplo deve partir dos países ricos." Lula reafirmou a importância da conclusão da Rodada de Doha de negociações comercial. "Entendemos que esse é o momento para o impulso final das negociações de Doha", disse. "A conclusão da Rodada deixou de ser oportunidade e se tornou necessidade." Crédito Ele citou a escassez de crédito mundial gerada por um "colapso da confiança" em decorrência dos problemas surgidos nos países desenvolvidos. "Ninguém está a salvo, todos estão sendo contagiados", disse. "Para os menos capitalizados, a falta de financiamento externo pode levar a problemas de balanço de pagamentos." Segundo o presidente, os países ricos e o Fundo Monetário Internacional devem adotar medidas para restaurar a liquidez mundial. Lula afirmou que os empréstimos ficaram mais caros no Brasil e que os fundos de investimentos dos países emergentes estão perdendo recursos de investidores que sacam o dinheiro para cobrir prejuízos no exterior, o que pode afetar o fluxo cambial dessas nações. Apesar disso, o presidente voltou a afirmar que o Brasil está bem preparado para enfretar a turbulência financeira. "O governo e a sociedade fizeram sacrifícios e agora começamos a colher os frutos", disse. Lula citou como aspectos positivos do País a ampliação do mercado interno, o aprofundamento do comércio exterior com outros países em desenvolvimento, a inflação baixa, as contas públicas "em ordem" e as reservas internacionais de mais de US$ 200 bilhões. "Tudo isso nos permite navegar pela crise com responsabilidade e confiança", disse. Ele assegurou que o governo não permitirá que o crescimento do País seja comprometido pela crise financeira, e ressaltou as medidas que o Ministério da Fazenda e o Banco Central estão tomando para mantê-lo. "Estamos assegurando que nosso sistema tenha níveis adequados de liquidez", disse. Lula afirmou ainda que espera que a economia brasileira cresça 5% neste ano. Ao final do discurso, Lula voltou a reforçar a necessidade de evitar medidas unilateraias. "Para lograrmos verdadeiras soluções, é preciso um esforço concertado, vencendo a tentação de medidas unilaterais", disse. "Precisamos aumentar participação dos emergentes nas decisões e revisar o papel dos organismos internacionais existentes, ou criar novos", continuou. "Não podemos, não devemos, e não temos o direito de falhar."

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