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G20 busca postura coordenada diante da Rodada de Doha

"O objetivo do encontro não é criar um grande bloco (de países em desenvolvimento). Esse é apenas um meio", esclareceu Amorim

Por Agencia Estado
Atualização:

Os países do Grupo dos 20 (G20) começaram a delinear neste sábado no Rio de Janeiro um acordo com outras nações em desenvolvimento para unificar suas vozes e tentar promover a retomada das negociações da Rodada de Doha. Na reunião ministerial deste final de semana para avaliar o atual estado das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), os países do G20 aproximaram posturas com as de outras nações. "Alcançamos uma convergência, uma coalizão com vários outros grupos de países em desenvolvimento. Foi algo importante porque mostra que os países em desenvolvimento estão trabalhando em conjunto para, apesar de nossas diferenças, buscar uma unidade", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "É importante porque a grande vitória que tivemos em Hong Kong (em dezembro de 2005), que foi o compromisso de todos os países em eliminar os subsídios até 2013, só foi conseguida devido à união de todas as nações em desenvolvimento", acrescentou. Também participam das reuniões do G20, que vão até domingo, ministros de países coordenadores de grupos como o G33 (países menos desenvolvidos), o Africano, o "Cotton-4" (produtores africanos de algodão), o de Países de Menor Desenvolvimento Relativo (LDC) e o de Países ACP (pequenos países em desenvolvimento da Ásia, Caribe e Pacífico com acordos preferenciais com a União Européia). "O objetivo do encontro não é criar um grande bloco (de países em desenvolvimento). Esse é apenas um meio", esclareceu Amorim. O ministro brasileiro acrescentou: "O objetivo é nos unirmos para garantir que a Rodada de Doha seja realmente para o desenvolvimento". O chanceler assegurou ainda que países de diferentes continentes, diferentes graus de desenvolvimento e diversas culturas estão no Rio de Janeiro. E que o objetivo, no entanto, é comum: retomar imediatamente as negociações da Rodada de Doha e garantir que estas promovam o desenvolvimento. Amorim admitiu que o próprio G20 é integrado por 23 países muito diferentes, unidos apenas por sua oposição aos subsídios das nações mais desenvolvidas à agricultura. "Por sermos um grupo de diferentes interesses, temos, nas negociações, a credibilidade que nenhum outro grupo tem. Queremos promover a integração porque os países em desenvolvimento têm muito em jogo na Rodada de Doha", acrescentou, por sua vez, o ministro da Indústria e Comércio da Índia, Kamal Nath. Entre os assuntos que o G20 pretende começar a discutir e que eram reivindicações de outros grupos estão o tratamento especial para o algodão, o acesso livre de cotas e tarifas e o acesso a mercados nos próprios países em desenvolvimento. "Vamos avançar nesses assuntos. Estamos dispostos a negociar, mas com as bases já definidas. Esta é a rodada para o desenvolvimento e tem que ser importante para a agricultura", disse o chanceler argentino, Jorge Taiana. O ministro do Comércio de Bangladesh, Hafiz Uddin Ahmad, que representou os Países de Menor Desenvolvimento Relativo, assegurou que o importante foi constatar que há vontade de reiniciar as negociações e que há pontos comuns entre os países em desenvolvimento. "Sentimos que podemos avançar juntos", disse. "O G20 foi importante na defesa dos produtores de algodão. Temos uma causa comum e juntos podemos pressionar pelo reinício das negociações", afirmou o ministro do Comércio do Benin, Moudjaidou Soumanou, que representou o "Cotton-4". Para o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, o G20 sai fortalecido como representante do mundo "multipolarizado" ao aliar-se com outros grupos. "A reunião foi importante para buscar uma posição comum dos países em desenvolvimento", assegurou, por sua vez, a ministra do Comércio da Indonésia e representante do G33, Mari Elka Pangestu.

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