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Gabrielli critica atual modelo de divisão de royalties

Presidente da Petrobrás é contra o Rio ficar com 80,9% dos royalties, mas também ataca a emenda Ibsen, que faz a distribuição igualitária

Por André Magnabosco
Atualização:

AGÊNCIA ESTADOO presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, criticou ontem o atual critério de distribuição dos royalties do petróleo no País. Ressaltando ser uma opinião pessoal, Gabrielli disse ser contrário à destinação de 80,9% dos royalties para o Rio, enquanto outros Estados, como a Bahia, (ele é baiano) têm pequena participação."Como esse recurso pertence à União, ao governo federal, aos Estados e aos municípios, acho que deveria ser melhor distribuído", disse o executivo, após participar de evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo. Gabrielli também criticou o sistema proposto pela emenda Ibsen ? do deputado Ibsen Pinheiro, (PMDB-RS) ?, que distribui os royalties igualmente entre todos os Estados e municípios. "A emenda trata o Estado onde está localizada a atividade de forma igual a outros Estados, mas acho que precisa haver uma diferenciação porque os royalties são um pagamento pelo produto que vai se exaurir naquela localidade", destacou o executivo, para, em seguida, apoiar um maior repasse ao Rio. Gabrielli também ressaltou que, independentemente de sua opinião ou do texto que venha a ser aprovado, a distribuição de royalties é indiferente para a Petrobrás. Eleições. Gabrielli também pediu, "como pessoa física", como fez questão de destacar, que os candidatos à Presidência da República sejam claros com o povo brasileiro em relação ao futuro da Petrobrás. "Espero que haja clareza com o que será feito com a companhia. Se ela será privatizada, se vão querer impedir o crescimento da companhia, se vão impedir que ela continue fazendo o que faz." Ele ainda deixou claro que não prevê mudança no direcionamento dos investimentos da estatal. "O governo pode orientar a companhia. A Petrobrás cumpre a determinação do conselho (formado, em sua maioria, por membros do governo federal). Mas é uma empresa que sempre planejou no longo prazo, pois os investimentos em petróleo e gás levam no mínimo de 7 a 8 anos", afirmou, lembrando que nos seus mais de 50 anos, a estatal sempre trabalhou com foco em longos ciclos de investimento.Sem desafio. Gabrielli afirmou também que a exploração do pré-sal não é nenhum "grande desafio tecnológico" para a estatal. Segundo ele, não é possível determinar o custo de produção da área em razão das incertezas naturais dessa exploração. "O que não conhecemos é como a natureza se comportará quando você retirar 15 mil ou 20 mil barris por dia abaixo da camada de sal." A despeito de considerar difícil a análise das variáveis naturais, o executivo voltou a afirmar que a exploração do pré-sal é competitiva com o preço do petróleo abaixo de US$ 45 o barril. "Esse valor considera a tecnologia existente hoje. Com o avanço tecnológico, esse valor pode cair ainda mais", disse ele, referindo-se às projeções para a exploração do campo de Tupi.Para ele, a redução de R$ 265 bilhões para R$ 250 bilhões no valor, já aprovado, do investimento da Petrobrás para 2011-2014 não representa um corte, mas "um ajuste". Sobre a capitalização da Petrobrás, Gabrielli afirmou: "Estamos no limite do nosso endividamento em relação ao capital".

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