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Gabrielli: Petrobras negocia crédito com país consumidor

Por Tatiana Freitas
Atualização:

A Petrobras está discutindo com organismos internacionais de países potencialmente consumidores do petróleo brasileiro a possibilidade de financiamento em troca da garantia de fornecimento da commodity no futuro. Durante coletiva na Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, disse que, dada a nova realidade de mercado e a necessidade de busca de recursos para financiar o seu novo projeto de investimento, a estatal está buscando novos mecanismos de financiamento e potenciais consumidores estão sendo vistos como alternativa. "Estamos avaliando aqueles que consideram estratégica a possibilidade de fornecimento de petróleo no longo prazo. Não estamos fazendo uma venda antecipada. Estamos discutindo a possibilidade de garantir fornecimento, dadas as condições futuras de mercado. Alguns países consideram isso como um valor estratégico, um valor importante, e podem estar dispostos a discutir possibilidades de financiamento", afirmou. Porém, Gabrielli recusou-se a mencionar com quais países a estatal negocia. "Estamos discutindo com vários deles", disse ele. O diretor Financeiro da empresa, Almir Barbassa, revelou apenas que as negociações envolvem "três ou quatro países", e organismos como bancos e agências de fomento. Comperj Gabrielli disse ainda que a estatal vai exigir a participação de parceiros na primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). No mercado, circulam informações de que a estatal poderá ficar sozinha na construção da unidade que será responsável pela produção da primeira geração de petroquímicos, com o apoio apenas do BNDESPar, empresa de participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Estamos discutindo com vários sócios participações diferenciadas na segunda geração e vamos exigir deles uma certa participação na unidade de primeira geração", disse. O executivo rechaçou a ideia de que a queda do preço do petróleo no mercado internacional possa resultar em perda de competitividade do projeto, que prevê a produção de petroquímicos de segunda geração a partir do óleo pesado, sem a necessidade de produção da nafta (produto derivado de petróleo) em uma fase intermediária. "O problema do Comperj não está relacionado com o preço do petróleo. O problema está relacionado ao volume do investimento necessário para a construção da unidade de primeira geração, que é muito grande, com um valor adicionado relativamente pequeno comparado à segunda geração", reconheceu. "A competitividade não tem a ver com o preço do petróleo, e sim com a necessidade do investimento." Questionado sobre a possibilidade de os parceiros privados não se interessarem em participar da primeira geração, Gabrielli respondeu que, se eles quiserem investir apenas na segunda geração, terão de "pagar uma diferença para isso". A Petrobras estima que os investimentos totais para a construção de todo o complexo petroquímico fique em aproximadamente US$ 8,5 bilhões.

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