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Gafisa vende 70% de Alphaville para Blackstone e Pátria por R$ 1,4 bilhão

Operação. Fundos pagaram à vista pela empresa de loteamentos e exigiram fim de impasse com antigos donos de Alphaville em tribunal de arbitragem; segundo fontes, dinheiro será usado pela incorporadora para pagamento de dívidas e reestruturação

Por Naiana Oscar
Atualização:

Depois de quatro meses de intensas negociações, a incorporadora Gafisa conseguiu concluir uma das etapas mais intrincadas de seu plano de reestruturação: vender a empresa de loteamentos Alphaville - o negócio mais rentável do grupo - para pagar dívidas e colocar a casa em ordem, após de uma temporada de prejuízos milionários. As gestoras de recursos Pátria e Blackstone compraram, juntas, 70% da empresa por R$ 1,4 bilhão, segundo fontes. Chegar a um acordo não foi tarefa fácil. Além de haver outros interessados de peso, como a GP Investimentos e o megainvestidor americano Sam Zell (que já foi acionista da Gafisa no passado), a conclusão do negócio dependia de se encontrar uma solução para a saída do antigo dono de Alphaville, que ainda detinha 20% da empresa de loteamentos. Desde o ano passado, a Gafisa tinha direito de comprar a fatia do fundador, Renato Albuquerque, mas os dois lados não chegaram a um acordo sobre o valor da empresa e a discussão foi parar em um tribunal de arbitragem. Sem dinheiro em caixa para bancar a aquisição, a Gafisa pretendia inicialmente comprar a participação do fundador por meio de uma troca de ações. A proposta do Pátria e do Blackstone mudou o jogo. Os dois fundos avaliaram a empresa em R$ 2 bilhões e exigiram o fim do imbróglio com Albuquerque para levar a proposta adiante. Operação. Por fim, a operação ganhou o seguinte formato: primeiro, a Gafisa comprou os 20% dos donos de Alphaville por R$ 375 milhões (a participação dos antigos sócios foi avaliada em R$ 400 milhões, mas a diferença diz respeito a pendências que existiam entre eles). Depois, a Gafisa vendeu 70% de Alphaville para os dois fundos, que passaram a deter, cada um, 35% da empresa. Ambos pagaram à vista pela participação. No fim das contas, portanto, a Gafisa continua com 30% da empresa de loteamentos. Os detalhes da operação foram antecipados ontem pela colunista Sonia Racy, em seu blog. Segundo ela, cerca de R$ 500 milhões serão usados pela Gafisa para o pagamento de dívidas. Até o fim da noite, o contrato ainda não havia sido assinado. A Alphaville é de longe a empresa mais rentável do grupo. Embora represente 20% da receita da Gafisa (que foi de R$ 3,9 bilhões no ano passado), o negócio lucrou R$ 122,8 milhões, enquanto Tenda e a empresa-mãe somaram prejuízo de R$ 316 milhões. Isso explica as divergências que existiam até então entre os conselheiros da Gafisa em relação à venda de Alphaville. Cogitava-se até abrir o capital da empresa de loteamentos, em vez de se desfazer dela. Segundo fontes próximas aos fundos, a aquisição de Alphaville está sendo considerada emblemática pelo Pátria e sinaliza uma presença mais forte do fundo em negócios de grande porte. Procurados, Pátria e Gafisa não comentaram a operação.

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