Tradings do porte da Louis Dreyfus Company (LDC) e da Cargill colhem os frutos dos investimentos em infraestrutura feitos nos portos do Arco Norte, mas reclamam da deficiência logística que ainda limita o acesso aos terminais. O principal gargalo continua sendo a conclusão da rodovia BR-163 no trecho paraense, diz à coluna Luis Barbieri, diretor executivo de Oleaginosas, Grãos e Fertilizantes da LDC. A companhia esperava embarcar pelo Arco Norte 1,5 milhão de toneladas de grãos em 2018, mas não passou de 1 milhão de toneladas por causa das dificuldades encontradas nos 51 km da rodovia ainda sem asfalto. “Quando a estrada estiver pronta, pretendemos exportar 4 milhões de toneladas/ano pelo Arco Norte”, diz. A Cargill também aposta no avanço dos embarques pelo Norte do País, mas Paulo Sousa, diretor de Grãos e Processamento para a América do Sul, cita outro obstáculo: a necessidade de aumento do calado nas saídas do Rio Amazonas.
Pensando longe. Apesar das dificuldades, tradings mantêm investimentos na região. Para iniciar suas operações no Arco Norte, em fevereiro do ano passado, a LDC desembolsou R$ 1 bilhão. Novos aportes, destaca Luis Barbieri, estão atrelados à conclusão da BR-163. A LDC projeta, no futuro, operar não só pelo Porto de Santarém (PA), mas também por Vila do Conde, no mesmo Estado. Já a Cargill investiu em uma estação de transbordo de cargas em Miritituba (PA), em frota própria de barcaças e empurradores e quer construir um terminal em Abaetetuba (PA).
Zelo. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais diz que o trecho inacabado da BR-163 é apenas uma das preocupações. “Pedimos ao governo que a parte já asfaltada tenha manutenção para dar conta do número de caminhões que passarão por lá durante a safra”, conta Daniel Amaral, gerente de Economia da Abiove. A exportação de soja pelo Arco Norte deu um salto em 2018, para 22,5 milhões de toneladas, avanço de 26%. As vendas de farelo cresceram 40%, para 1,88 milhão de toneladas.
Vamos com tudo... As exportações brasileiras de produtos halal têm potencial para aumentar 15% neste ano sobre os US$ 5 bilhões de 2018. A abertura da Indonésia e as sinalizações de compra dadas pelo Paquistão vão impulsionar o mercado desses artigos específicos para o consumidor da religião islâmica, segundo o vice-presidente da certificadora Fambras Halal, Ali Zoghb. No Brasil, as carnes representam mais de 90% do total embarcado. Zoghb diz que o incremento deve abrir postos de trabalho nas plantas frigoríficas já habilitadas. O segmento gera cerca de 250 mil empregos diretos e indiretos.
...mas não atrapalhem. O mercado halal, porém, é suscetível aos efeitos das discussões sobre a possível mudança na embaixada do Brasil em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Zoghbi diz que o setor já levou essa preocupação ao governo federal e continuará contrário à alteração.
Mais uma vez. Após duas tentativas sem sucesso, a Justiça de Alagoas propôs novo leilão judicial da usina Guaxuma, processadora de cana-de-açúcar em Coruripe (AL), e 65 fazendas pertencentes à massa falida da Laginha Agroindustrial, do empresário João Lyra. Em outubro de 2018 não houve interessados nos pregões, cujos lances mínimos foram de R$ 819,13 milhões, na primeira rodada, e R$ 409,5 milhões, com o desconto de 50% na segunda fase.
Mais barato. O novo leilão segue até 28 de fevereiro, com lance inicial de R$ 401,37 milhões, pouco mais de R$ 8 milhões abaixo do preço anterior. A Guaxuma é a terceira das cinco unidades do conglomerado a ir a leilão. Em dezembro de 2017, propriedades rurais e industriais das usinas Vale do Paranaíba e Triálcool, ambas em Capinópolis (MG), foram arrematadas por um total de R$ 340,2 milhões.
Chegou a hora. A companhia de nutrição animal De Heus estuda aquisições para crescer no Brasil. “Estamos avaliando oportunidades, que devemos divulgar em breve”, adianta à coluna Rinus Donkers, novo presidente no País. Será o primeiro movimento da empresa sobre a concorrência nos seis anos em que está aqui.
Energia limpa. A Atvos finalizou a primeira venda no Brasil de certificados de energia renovável de biomassa, os chamados I-RECs (International Renewable Energy Certificate). O braço sucroenergético da Odebrecht comercializou 11 mil I-RECs na plataforma internacional que permite aos consumidores adquirirem o certificado de uma energia de fonte renovável rastreada – neste caso, a produzida a partir do bagaço da cana-de-açúcar – para compensar emissões geradas no consumo de energia de origem fóssil ou de difícil comprovação de origem. O nome do comprador e o valor do negócio não foram divulgados.
Estoque. Cada I-REC equivale a 1 MWh de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis. A Atvos pode comercializar, por safra, 360 mil I-RECs a partir da sua unidade Conquista do Pontal, localizada em Mirante do Paranapanema (SP). COLABORARAM LETICIA PAKULSKI e NAYARA FIGUEIREDO