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Gás já foi motivo de conflito entre as empresas

Por Nicola Pamplona
Atualização:

O suprimento de gás natural foi tema de conflito entre Petrobrás e Vale há quatro anos. A mineradora precisava do combustível para viabilizar a Usina Siderúrgica do Ceará, parceria com a coreana Donkuk e a italiana Danieli Steel, mas não conseguiu chegar a acordo com a estatal sobre o preço do produto. O projeto teve de ser prorrogado, processo que provocou duras críticas de lideranças políticas cearenses, incluindo o senador aliado Ciro Gomes (PSB-CE), à direção da Petrobrás. Líder do oposicionista PSDB, o senador Tasso Jereissati chegou a chamar o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, de "tirano" e "arbitrário". Os empreendedores alegavam que tinham acordo com a Petrobrás, fechado no início da década, para venda do gás a preços em torno de US$ 1 por milhão de BTU (unidade térmica britânica, que mede o volume de gás) - valor que já embutia um desconto sobre o preço vigente na época, de US$ 2,50 por milhão de BTU. O preço do gás, porém, praticamente dobrou no período. "Se é para dar prejuízo, não assinamos contrato (com a siderúrgica)", disse o então diretor de gás e energia da Petrobrás Ildo Sauer. O mercado brasileiro de gás passava por um período de grande crescimento e não havia combustível suficiente para atender a todos os potenciais consumidores - cenário bem diferente do atual, no qual a própria Petrobrás admite um excedente de mais de 10 milhões de metros cúbicos por dia. Vale e Donkuk decidiram remodelar o projeto, adaptando a usina para o uso de carvão. No início do ano, em reunião com o governo do Ceará, o consórcio teria garantido que vai manter o investimento, segundo informações da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). A relação dos cearenses com a Petrobrás, por sua vez, mudou após o anúncio da construção de uma grande refinaria no Estado.

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