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Gasolina cara acirra concorrência

Com a queda das cotações, refinadores independentes já vendem produto R$ 0,20 mais barato que a Petrobras

Por Nicola Pamplona e Kelly Lima
Atualização:

Refinadores independentes estão oferecendo ao mercado paulista gasolina até R$ 0,20 mais barata do que a vendida pela Petrobrás, aproveitando-se da manutenção dos preços cobrados pela estatal após a queda das cotações de petróleo. A estatal reconhece a concorrência, mas ainda espera recuperar as perdas do ano passado antes de reduzir seus preços, disse ontem o diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa. Segundo especialistas, a gasolina no Brasil está até 30% mais cara do que no exterior. Representantes da revenda de combustíveis em São Paulo dizem que a gasolina oferecida por distribuidores que compram das microrrefinarias Univen e Copape está chegando aos postos em torno de R$ 1,98. Já a gasolina comprada da Petrobrás está custando aos revendedores entre R$ 2,14 e R$ 2,17. O preço do combustível nas bombas, acrescido das margens de revenda, gira em torno dos R$ 2,45. As duas empresas têm produção pequena de gasolina, mas vêm ganhando participação cada vez mais ativa no mercado, por causa da vantagem financeira na importação de combustíveis. Univen e Copape vêm aumentando suas importações de nafta, que é transformada em gasolina em um processo conhecido no mercado como blend. A primeira, por exemplo, importou este ano um volume de nafta 20% superior ao mesmo período do ano passado. No Rio, há sinais também da chegada de produtos importados, fornecidos pela Refinaria de Manguinhos, que estava com as atividades em marcha lenta desde 2005, início da disparada dos preços do petróleo. A empresa também ampliou suas importações de nafta este ano e, segundo fontes, estaria importando também gasolina. Os preços são tão competitivos que começam a atrair o interesse das grandes distribuidoras, clientes fiéis da estatal. O diretor da Petrobrás admitiu ontem que se o cenário continuar como está, a empresa deve reduzir seus preços em breve. Ele não quis fixar um prazo, mas disse que a decisão será avaliada assim que a empresa recuperar o lucro perdido nos últimos anos, quando manteve os preços atuais abaixo das cotações internacionais. "Pode ser que seja no mês que vem, mais pra frente, antes disso. Não sei dizer. Espero que não seja muito no longo prazo, e acho que não vai ser", afirmou. Para Costa, ainda há instabilidade no mercado internacional e não é possível identificar um novo nível de preços. "De ontem para hoje, o barril subiu 8%, ultrapassou os US$ 50, depois de ter ficado um tempo na casa dos US$ 40. Já pensou se a Petrobrás repassasse a todo instante essa volatilidade?", questionou, dizendo que a política de preços será mantida. Segundo ele, um aumento inesperado nas importações poderia também influir na decisão sobre reajustes. "É claro que, se os preços estivessem proibitivos, e se chegarem a esse nível, vamos reajustar para baixo até para não perder mercado." Atualmente, porém, a capacidade das pequenas refinarias é pequena - não chega a 1% do mercado nacional - e preocupa mais as distribuidoras e postos da Petrobrás do que a estatal. Os clientes da estatal dizem que a competição com o combustível importado é difícil.

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