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Gasolina pode aumentar 1%, se porcentagem de álcool diminuir

Por Agencia Estado
Atualização:

A redução do porcentual de álcool anidro na gasolina, como está sendo cogitado pelo governo, pode aumentar em mais 1% o preço do combustível na bomba para o consumidor. Isso porque o álcool anidro, por ter um valor menor do que o da gasolina A (sem mistura) na refinaria, contribui para reduzir o preço final da gasolina C (que chega ao consumidor). Ao reduzir o porcentual de álcool, o preço da gasolina deve aumentar. O cálculo é simples: o custo da gasolina A na refinaria é de R$ 2,40 para um custo do álcool anidro de R$ 1,10 na média atual. Com o atual porcentual de 25% de anidro, a gasolina C custa (sem impostos) R$ 2,075. Se o porcentual passar para 20%, a gasolina C passa a custar R$ 2,14. A idéia do governo ao reduzir o porcentual é poupar álcool anidro e transformá-lo em hidratado para atender ao mercado de carros flexfuel (bicombustíveis) que não estão tendo mais vantagens de abastecer seus veículos com álcool no lugar de gasolina, desde que o derivado da cana-de-açúcar sofreu consecutivos aumentos no último mês. Ontem, o governo anunciou que estuda medidas para reduzir o preço do álcool causado pelo momento de entressafra da cana-de-açúcar, que deve se estender até abril. Entre estas medidas, o governo ameaça reduzir a porcentagem de álcool à gasolina. Com isso, o governo pretende diminuir a demanda por álcool neste momento em que a oferta do produto é menor. Produção menor do que a esperada Para o diretor financeiro da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Antônio de Pádua, o aumento recente do álcool refletiu uma produção menor do que estava sendo esperada para a região Centro-Sul. Apesar de aumentar de 13,3 bilhões de litros no ano de 2004 para 14,4 bilhões de litros em 2005, a produção era esperada em torno de 15 bilhões de litros. "Isso atenderia perfeitamente o crescimento de consumo que esperávamos e que foi confirmado no decorrer do ano", comentou. Para o diretor do Centro Brasileiro de infra-estrutura (CBIE), Adriano Pires, a elevação do preço do álcool é um típico fenômeno de entressafra que deve ser entendida pela população e pelo governo, como um sintoma natural de um mercado aberto. Em sua opinião, cabe ao governo apenas "apurar se houve abuso no momento do repasse do preço do álcool por parte dos produtores". "Se isso for comprovado, se houver existência de um cartel, que ele seja punido. Mas se o aumento é influenciado apenas pela entressafra, que se respeite o cenário atual e não haja interferência governamental, porque se houver, quando o preço cair no início da safra, os usineiros terão o direito de pedir ao governo que também interfira para mantê-los mais altos", defendeu Pires.

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