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Gasolina só ficará 20% mais barata no fim de fevereiro

Por Agencia Estado
Atualização:

A queda no preço da gasolina só deverá atingir o índice de 20% projetado pelo governo no final de fevereiro. A estimava é de proprietários e gerentes de postos ouvidos pela Agência Estado nas regiões Norte, Sul, Leste e Oeste da capital paulista. A previsão dos donos de postos coincide com as expectativas dos analistas do mercado financeiro, que projetam queda da inflação a partir de março, quando os efeitos da queda dos combustíveis deverão influenciar efetivamente a taxa de inflação. "Os efeitos da redução de preço da gasolina só serão efetivados na inflação no final de fevereiro", afirma o economista sênior do Citibank, Robério Costa. O governo, no final do ano passado, estimava que o preço da gasolina já pudesse atingir o índice de queda de 20% a partir de janeiro. Este é o porcentual de desconto que as refinarias concederam aos postos como resultado da diminuição do custo de importação do petróleo, que viu sua cotação despencar no mercado internacional depois que os ataques terroristas de 11 de setembro aceleraram ainda mais o processo de arrefecimento da economia mundial, especialmente a americana. De fato os preços caíram nas quatro regiões da cidade. Mas em nenhuma delas o índice chegou a 20%. A zona oeste, com destaque para a região da Avenida dos Autonomistas, em Osasco, onde a guerra para cativar a preferência do cliente é clara, foi a que apresentou os maiores índices de redução. No local há postos que reduziram seus preços em até 16,27% desde o início do mês. A maioria dos postos que concederam índices maiores de redução é de bandeira branca - não estão atrelados a nenhuma marca e estão livres para comprar combustível de qualquer distribuidora. Franqueado da Shell e operando há pouco mais de quatro meses no ramo de revenda de combustível, Alcides Pereira da Silva, reduziu o preço da gasolina comum vendida em seu posto em 10,91%, de R$ 1,649 para R$ 1,469. Próximo de seu estabelecimento, contudo, há outros postos vendendo a gasolina a R$ 1,369 o litro. "Eu procuro acompanhar o preço da região, onde a concorrência é muito grande. Mas não tenho condições de reduzir mais que isso. Trabalho com um produto de qualidade e se reduzir mais o meu preço, ao invés de atrair mais consumidores corro o risco de afastar os clientes que já tenho cativos e que preferem pagar um pouco mais para ter a segurança de que estão comprando o produto de sua marca preferida", diz Silva. Na avenida João Jorge Saad, na zona sul da cidade, outro franqueado da Shell, que fez questão de se identificar apenas como Sérgio, vende a gasolina comum a R$ 1,499. Segundo ele, os preços dos postos da bandeira Shell bem como a margem de lucro dos franqueados são determinados pela companhia. De acordo com Sérgio, até o final de fevereiro a queda da gasolina deverá atingir os 20% esperados pelo governo, mas o valor nominal do combustível continuará mais alto nas regiões onde o poder aquisitivo do consumidor é maior e pelo fato de nestas localidades o custos fixos e impostos serem mais elevados. "Aqui na região do Morumbi dificilmente a gasolina cairá para abaixo de R$ 1,42 o litro. Quanto ao porcentual de queda, o empresário prevê que ele deverá chegar aos 20% em fevereiro porque a alíquota do ICMS, que é calculada com base no preço do mês anterior, já pegará os valores de janeiro que estão saindo das distribuidoras com redução de 20%", explica. Na Avenida Giovanni Gronchi, também no Morumbi, os preços da gasolina são diferenciados, variando de R$ 1,499 a R$ 1,699, com as cifras sendo reduzidas à medida que se caminha para a região de Santo Amaro, onde o poder aquisitivo do consumidor é menor. Carga tributária Gerente de um posto que passa por obras para trocar a bandeira Esso pela Viabrasil, próximo de Carapicuíba, Marcelo Dias, diz que o maior empecilho para a redução do preço da gasolina ainda é a pesada carga tributária. "Eu posso vender o meu produto um pouco mais barato porque, pelo fato de a região onde estou localizado ser mais pobre, a minha carga tributária acaba sendo menor", afirma Dias, que reduziu o preço da gasolina em 11% nos últimos 15 dias, de R$ R$ 1,539 para R$ 1,369. O volume de vendas no posto gerenciado por Dias cresceu 6,6% no período, de 15 mil litros por dia para 16 mil litros. Não é, porém, o que acontece na região do Morumbi, onde os proprietários e gerentes de postos afirmam ter contabilizado uma redução de até 35% no seu volume de vendas mesmo com a redução nos preços. "Nesta época do ano, a população desta região da cidade viaja em férias e as vendas despencam mesmo", diz Sérgio. Para Donato Rodrigues Souza, gerente de um posto da BR Distribuidora, a concorrência na Avenida dos Autonomistas é muito desleal pelo grande número de postos de bandeira branca na região. "Só conseguimos reduzir o preço da nossa gasolina comum em 14,73% para R$ 1,389 porque a BR Distribuidora, que tem uma vasta rede de postos consegue dar cobertura para os estabelecimentos que estão nos locais de maior competitividade", diz Souza. Os menores porcentuais de queda no preço da gasolina foram registrados nos postos das zonas leste e norte. Na região das Avenidas Inácio de Anhanha Mello e Salim Farah Maluf os índices de redução variam de 8,75% a 11,77%. Na zona norte, os postos situados nas avenidas Voluntários da Pátria, Conselheiro Moreira de Barros, Direitos Humanos e Engenheiro Caetano Álvares, os preços foram reduzidos de 6,57% a 10%. Nestas duas regiões o volume de venda de gasolina caiu, em média, 20%, dizem os responsáveis pelos estabelecimentos.

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