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''''Gatos'''' proliferam até na classe média

Ligação clandestina não é só questão de condição social

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Por Redação
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Enquanto o Brasil discute como vai aumentar a geração de energia elétrica para atender à demanda nos próximos anos, uma fatia da população usa e abusa do consumo, sem nenhum controle e ônus. São os famosos beneficiários dos "gatos" de energia que geram uma conta de cerca de R$ 5 bilhões por ano paga pelos demais consumidores. Estima-se que o índice de perdas comerciais (fraudes e furtos) esteja na casa de 5% da energia gerada no Brasil, ante uma referência internacional de 1%. Isso significa cerca de 15 mil gigawatt/hora (GWh) por ano, o suficiente para abastecer um Estado como Santa Catarina. Essas perdas já se transformaram num encargo setorial, transferido para as tarifas pagas pelos consumidores. O Estado do Rio é um dos campeões de roubo de energia elétrica no País. O índice médio de perdas comerciais está em torno de 13,5%. Na distribuidora Light, os "gatos" respondem por cerca de 18% da energia fornecida pela empresa. Isso corresponde a uma redução de R$ 400 milhões no faturamento. Uma parte desse prejuízo deve-se ao grande número de favelas na cidade. Por causa das dificuldades de acesso, a regularização das ligações clandestinas é remota. Calcula-se que 48% dos moradores de favelas não pagam a conta de luz. QUEM PERDE Mas se engana quem pensa que a proliferação dos "gatos" está associada apenas à condição social. A irregularidade também é praticada por clientes de classe média ou até mesmo em áreas de luxo das grandes cidades. Quem perde com tudo isso, garantem os especialistas, é o consumidor honesto, que paga todos os meses a sua conta em dia. Na Eletropaulo, distribuidora da Grande São Paulo, os "gatos" também representam um grande problema. As chamadas perdas comerciais, que incluem fraudes e roubos, estavam em 5,26% no terceiro trimestre deste ano. Houve redução em relação ao ano passado, já que a concessionária fez 306 mil inspeções e regularizou 81 mil ligações clandestinas. Apesar dos avanços, a empresa calcula que ainda existam cerca de 300 mil "gatos" de energia em sua área de atendimento. Essas irregularidades representam risco constante para a segurança das comunidades de baixa renda. Segundo dados do setor, no ano passado, o Corpo de Bombeiros registrou 68 incêndios na área de atendimento da distribuidora provocados por gambiarras na rede elétrica. Há algum tempo, no entanto, os "gatos", deixaram de ser problema só do setor elétrico. Hoje, grandes empresas de saneamento (água e esgoto) e comunicação também têm prejuízos com as irregularidades. Apesar das campanhas, o problema é difícil de ser solucionado.

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