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Gazprom diz que Ucrânia não abriu gasodutos para fluxo de gás

Governo de Kiev admite bloqueio devido a 'condições inaceitáveis de trânsito' impostas pela estatal da Rússia

Por Nathália Ferreira , Gabriel Bueno e da Agência Estado
Atualização:

A estatal russa Gazprom informou nesta terça-feira, 13, que o envio de gás natural para clientes europeus não foi retomado conforme planejado porque a Ucrânia não abriu o gasoduto para o trânsito. A Ucrânia admitiu o bloqueio do gás por causa de "condições inaceitáveis de trânsito" impostas pela Gazprom, disse o porta-voz da estatal ucraniana Naftogaz Valentin Zemlyansky. O vice-presidente-executivo da Gazprom, Alexander Medvedev, disse mais cedo que a Ucrânia apresentou "pedidos irracionais" para a empresa russa e não abriu os gasodutos conforme definido na segunda. "Ainda estamos tentando bombear o gás, mas ele não está nem no final no duto, está no começo", afirmou ele. A Gazprom indiretamente culpou os EUA pela disputa de gás entre Rússia e Ucrânia. Medvedev disse que a Ucrânia está "dançando conforme a música, que está sendo orquestrada não em Kiev, mas fora do país". Ele afirmou estar se referindo a um acordo entre Ucrânia e EUA, mas que esse era um palpite da Gazprom. "Não temos todos os detalhes sobre o acordo", disse Medvedev a repórteres durante conferência por telefone. "Não sabemos a parte do acordo que se refere ao trânsito de gás... Podemos ter algum palpite." A porta-voz da Comissão Europeia Pia Ahrenkilde Hansen disse que pouco ou nenhum gás proveniente da Rússia para a Europa está passando pela Ucrânia. "A situação precisa melhorar rapidamente", afirmou. O porta-voz do comissário de Energia da UE Ferran Tarradellas afirmou que todas as condições exigidas por Rússia e Ucrânia para retomada da oferta de gás foram cumpridas e não há razão para o fluxo de gás não começar. Segundo Tarradelas, os monitores estão no lugar, mas ainda não receberam acesso total aos centros de expedição em Moscou e Kiev. Impeachment A poderosa oposição ucraniana favorável à Rússia pediu nesta terça o impeachment do presidente Viktor Yushchenko, por causa da disputa pelo gás com Moscou, que prejudicou seriamente o fornecimento à Europa. Viktor Yanukovych, chefe do Partido Regiões e ex-candidato presidencial, também exigiu a saída da primeira-ministra Yulia Tymoshenko durante os debates parlamentares sobre a crise do gás. "Nós exigimos a imediata saída do governo e o início dos procedimentos para o impeachment do presidente", afirmou Yanukovych, que propôs aos parlamentares que marcassem ainda para esta terça-feira uma votação sobre o futuro do governo. "No meio da crise política e econômica, as autoridades deixaram a Ucrânia sem gás e sem perspectivas. A Ucrânia está em vias de perder seu status de país de passagem (para o gás)." O líder do Partido Comunista, Petro Simonenko, também pediu a queda de Yushchenko, que não estava presente durante os debates. A popularidade do presidente pró-Ocidente caiu muito, em meio à crise, iniciada em 1º de janeiro, quando a Rússia cortou os fornecimentos para a Ucrânia, em uma disputa de preços que deixou centenas de milhares de europeus sem gás durante o inverno na Europa. A aprovação de Yushchenko atingiu 2,4%, de acordo com uma pesquisa publicada na segunda-feira pela organização Iniciativas Democráticas, apoiada pelo governo sueco. Yanukovych perdeu para Yushchenko a eleição presidencial em 2004. Ele inicialmente ganhou, porém o resultado foi posteriormente revertido após denúncias de irregularidades e grandes protestos nas ruas, no que ficou conhecido como a Revolução Laranja. A dupla, e também a primeira-ministra, são vistos como potenciais candidatos nas eleições presidenciais previstas para 2010.

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