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GE do Brasil troca comando e mira governo

Empresa muda foco em nove países para conquistar projetos públicos

Por Marianna Aragão
Atualização:

Os investimentos anunciados nos últimos meses pelo governo para tentar evitar a crise no País fizeram a GE mudar a rota de seus negócios no Brasil. A multinacional anunciou ontem sua nova estratégia para a operação brasileira, que passa a mirar grandes projetos públicos de infraestrutura. "A crise fez os governos entrarem em cena, lançando medidas de estímulo à infraestrutura", diz o italiano Nani Bicalli, presidente da GE Internacional. "Acreditamos que podemos participar disso." Para concretizar a estratégia, a GE nomeou o executivo João Geraldo Ferreira como presidente da companhia no Brasil - função acumulada até então por Marcelo Mosci, também presidente para a América Latina, que assumiu a filial chinesa da GE. A companhia também está montando uma equipe para trabalhar exclusivamente no relacionamento e prospecção de negócios com o governo. O objetivo é ampliar a sua participação no faturamento da empresa, hoje em 8%, para, no mínimo, 15%. Segundo Ferreira, o potencial de negócios com o governo chega a US$ 322 bilhões. O valor inclui todos os investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de iniciativas do BNDES, projetos da Petrobrás e obras de infraestrutura do governo de São Paulo, especialmente em transportes. "O estímulo do governo veio para ficar", diz o novo presidente da GE para a América Latina, Rogério Patrus, que assumiu a vaga de Mosci. Um dos primeiros resultados da nova ofensiva da empresa é um contrato de US$ 250 milhões com a Petrobrás, anunciado ontem. A multinacional vai fornecer 250 cabeças de poço (equipamentos utilizados em serviço de perfuração e produção de petróleo). Segundo Fernando Martins, vice-presidente da divisão de petróleo e gás da companhia - a GE Oil & Gas -, os equipamentos não se destinam à exploração de petróleo na camada pré-sal, pelo menos por enquanto. "A expectativa com o pré-sal é aumentar o número de contratos. Mas só vamos sentar para conversar sobre isso (com a Petrobrás) no final de 2010." Para atender à estatal, a GE já aprovou um investimento para aumentar a produção na fábrica da empresa em Jandira (SP). Priorizar a atuação em projetos do governo não é exclusividade da operação brasileira. Segundo o presidente da GE Internacional, a mesma estratégia será seguida na China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Canadá e Estados Unidos. "Criamos organizações especiais que estão acompanhando os pacotes de estímulos de cada um desses países", diz Bicalli. No ano passado, a filial do Brasil da GE faturou US$ 3,3 bilhões, uma alta de 45% ante 2007. Além de infraestrutura, a GE também atua em energia, equipamentos médicos e industriais e serviços financeiros.

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