De fato, a energia eólica, por muito tempo considerada uma fonte alternativa suplementar de eletricidade, está a caminho de superar as usinas movidas a gás natural como segunda maior fonte de geração de eletricidade no País, vindo logo depois das hidrelétricas.
Se o governo conseguir destravar os leilões de transmissão e fizer outros acertos nessa área, de forma a compensar os investimentos privados feitos pelas geradoras, o sistema elétrico nacional poderá incorporar 2,75 mil megawatts (MW) de energia eólica em 2016, uma elevação de 36% do parque existente até agora. Para 2017, são previstos mais 2,9 mil MW desse tipo de energia.
“Do ponto de vista político, este ano deve ser péssimo”, afirma Élbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica), “mas não deve ter grande impacto em nosso setor”. A previsão da entidade é de que a energia gerada pelos ventos, atualmente responsável por 5% do fornecimento de energia elétrica no País, chegue a 12% em 2020. Atualmente, a eletricidade proveniente de usinas movidas a gás natural representa 10% da matriz energética, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Com a alta da cotação do dólar, elevaram-se os custos dos equipamentos importados para a produção de energia eólica com impacto na contratação nos leilões que vêm sendo realizados desde 2009. O preço-base, que era de R$ 100 por MW-hora, subiu para R$ 210 o MW-hora. Contudo, as eólicas se mantiveram competitivas, uma vez que o preço também aumentou para os projetos de biomassa (R$ 280 o MWh) e energia solar (R$ 320).
Mesmo com a entrada em operação plena das grandes hidrelétricas em obras na Amazônia, as eólicas devem aumentar sua participação na matriz energética. Com o aumento previsto da oferta de energia gerada pelo vento, o País talvez possa dispensar o uso de usinas térmicas movidas a óleo diesel ou a carvão, mais custosas e mais poluentes.