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Gestores de fundos de pensões cautelosos com 2002

Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisa realizada pela consultoria de investimentos da William M. Mercer demonstra que 22 administradores de recursos de fundos de pensão das áreas de asset management de grandes bancos estão cautelosos e têm expectativas conservadoras quanto ao desempenho da economia brasileira em 2002. Segundo a "3ª Pesquisa Econômica para a Indústria de Fundos de Pensão no Brasil", os profissionais ouvidos projetaram o crescimento real (descontada a inflação) do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano entre 1,5% e 3%, com o consenso da maioria dos ouvidos em 2,3%. Nessa expectativa, o PIB brasileiro ficaria, pela faixa de consenso, em US$ 513 bilhões, com a menor estimativa em US$ 490 bilhões e a maior em US$ 560 bilhões. As previsões das taxas de juros são conservadoras: o consenso indica para o fechamento da Selic em 2001 em um patamar de 16,8% ao ano, indicando uma média para o ano na faixa de 17,7% ao ano. A demonstração de que os ânimos dos analistas em relação à perspectiva futura dos juros não é dos melhores ficou cristalizada pelo piso da taxa apontado, em 15% ao ano, enquanto o teto atingiu os 19% ao ano anteriores à reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que definiu pela redução dos juros para 18,75% ao ano. Os analistas também revelaram estar conservadores nas projeções sobre a inflação este ano. Pelo IPCA, do IBGE, por exemplo, as estimativas apontam para um piso de 3,9% e um teto de 5,1%, com o consenso posicionado em 4,6%. O índice, se confirmado, ultrap assará a meta estipulada pelo BC, de 3,5%, mas ficará dentro da margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo admitida pela instituição. Outros índices inflacionários também mereceram projeções de alta, por parte dos analistas. O IPC da Fipe, por exemplo, teve como consenso o valor de 4,5%, com estimativa mínima de 4% e máxima de 4,8%. Já o IGP-M apurado pela FGV, por sua vez, foi situado no consenso em 6,2%, com picos de 7,4%, na alta, e 5%, na baixa. "Podemos afirmar que há um otimismo moderado nas previsões", amenizou Thyrso de Andrade Ferraro, consultor de investimentos da Mercer. Impacto A pesquisa indicou também quais são os principais fatores capazes de impactar a economia brasileira este ano. As eleições foram, de longe, o maior fator de apreensão apontado pelos analistas, seguido por economia americana, inflação, câmbio e comportamento da conta de transações correntes do País. "A preocupação com a eleição demonstra claramente a incerteza do mercado sobre o fato de o governo Fernando Henrique Cardoso conseguir eleger seu sucessor", comentou o diretor da Área de Investimentos da Mercer, Lauro Araújo Neto. Especificamente com relação ao câmbio, o cenário apontado pela pesquisa é o de que, pelo consenso, a moeda norte-americana fechará o ano cotada a R$ 2,56 (valor da Ptax-venda). A menor cotação indicada foi de R$ 2,37 e a maior de R$ 2,70. Investimentos diretos foram projetados para ficar aquém do volume registrado em 2001, quando as estimativas indicam para US$ 21,8 bilhões. Para 2002, a expectativa dos analistas é de que, pelo consenso, o volume atingirá US$ 16,6 bilhões. Os mais otimistas, no entanto, acreditam que o volume ficará em US$ 21,2 bilhões, enquanto que os pessimistas estimam o montante em US$ 15 bilhões. A balança comercial, no entendimento dos profissionais, deverá registrar superávit de US$ 1,20 bilhão (menor estimativa) a US$ 5,75 bilhões (maior previsão), sendo que a faixa de consenso é de saldo positivo de US$ 3,96 bilhões.

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