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Repórter especial de economia em Brasília

Gleisi busca apoio a Lula com sinal de que não haverá ruptura da autonomia do BC

Em jantar com empresários do setor produtivo e do mercado financeiro, a presidente do PT disse que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, continuará no cargo caso Lula seja eleito para um terceiro mandato

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

Em fase de aproximação com os empresários do setor produtivo e do mercado financeiro, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula (PT) sinalizou em jantar que não haverá uma tentativa de ruptura para desfazer a ideia de autonomia do Banco Central

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Essa é a primeira leitura da fala da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que, no encontro organizado pelo empresário João Camargo (Esfera Brasil), disse que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, continuará no cargo caso Lula seja eleito nas eleições deste ano para um terceiro mandato.

A interpretação dos participantes do encontro é que foi uma espécie de “primeira nomeação” da equipe econômica de Lula, caso seja eleito na corrida para o Palácio do Planalto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, continuará no cargo caso Lula seja eleito nas eleições de 2022 Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Embora Campos Neto tenha um mandato que lhe assegura permanecer na cadeira da presidência até 2024, o sinal dado pela campanha de Lula foi considerado importante pelos participantes do encontro porque pavimenta a busca do diálogo com o presidente do BC.

Economista liberal, Campos Neto integrou a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, antes mesmo da vitória de Jair Bolsonaro em 2018, e tem sido citado como provável ministro da Economia de Jair Bolsonaro se o presidente conseguir a reeleição.

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A percepção que ficou foi de que Lula não pretende trabalhar para reverter a autonomia do BC e tem mostrando abertura ao diálogo com Campos Neto, caso eleito na corrida para o Palácio do Planalto.

Quando há mudança de governo de pólos opostos, acontece muitas vezes de o novo presidente atacar as decisões de órgãos reguladores e infernizar a vida dos diretores que foram escolhidos pelo seu antecessor.

A autonomia do BC, aprovada pelo Congresso durante o governo Bolsonaro, é um ponto sensível para os empresários do setor financeiro. Um posicionamento mais sólido da campanha estava sendo cobrado.

A desconfiança existe porque o PT e o próprio ex-presidente já se posicionaram contrários à independência do BC. No início deste ano, porém, Lula disse que não via dificuldade em dialogar com o BC independente. Gleisi, como presidente do partido, agora reforçou esse ponto.

Privatização também foi tema da discussão no encontro junto com mecanismos de regulação do Estado. Um ponto da discussão apresentado pelo lado da campanha de Lula é de que era preciso pensar na privatização não como um fim em si mesmo, mas com a ideia de que qualquer tipo de participação da iniciativa privada deve ter alguma lógica visando a ampliação e melhoria do serviço público. E não tentar fazer a venda de ativos para fazer caixa para o governo no curto prazo e gerando problemas ao governo nos próximos 20 anos, 30 anos.

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Como mostrou reportagem do Estadão de domingo, os empresários que têm mantido diálogo com Lula ficaram de apresentar propostas. Uma das preocupações dos empresários é com a subida mais forte de juros e o impacto no planejamento das empresas. Para essa reportagem, o Estadão ouviu o economista Gabriel Galípolo, sócio da consultoria com o mesmo nome e ex-presidente do Banco Fator, que apontou os riscos para o planejamento dos negócios com a mudança de patamar de juros em linha com os empresários.

Galípolo acompanhou Gleisi no jantar e foi apresentado como um nome jovem da campanha.Ele tem colocado que existe uma percepção de projetos, de saídas, que são mais amigáveis à agenda de um governo do PT do que era antes.Ele apontou os riscos para o planejamento dos negócios com a mudança de patamar de juros. Mesmo tema que tem sido relatado pelos empresários. Para ele, as soluções vão passar por políticas públicas que vão pensar na oferta de linhas de crédito voltadas para setores estratégicos.

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