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''Globe'' obtém acordo para continuar ativo

Concessões nos salários, benefícios e estabilidade dos empregos evitariam fechamento do jornal americano

Por Richard Pérez-Peña e THE NEX YORK TIMES
Atualização:

O impasse entre a The New York Times Company e os funcionários do The Boston Globe chegou em um momento crucial na quarta-feira, quando o maior sindicato do jornal concordou em realizar uma votação sobre um pacote de dolorosas concessões nos salários, benefícios e estabilidade de empregos, capaz de afastar a ameaça de fechamento que paira sobre um dos maiores jornais americanos. O possível acordo não é suficiente para solucionar os problemas do Globe, nem os da empresa. Seus funcionários disseram que ainda não havia certeza da aprovação do acordo por todos os colegas, e mesmo com todas as concessões feitas pelos sindicatos, o jornal continuaria perdendo dezenas de milhões de dólares a cada ano, e a empresa seguiria em dificuldades. As concessões tornariam mais fácil a venda do Globe pela Times Company, uma perspectiva que já foi debatida com uma série de potenciais compradores e seus intermediários, de acordo com fontes informadas sobre as ofertas. Algumas delas disseram que a empresa estava muito ativa na busca por um comprador. A Times Company não quis comentar, mas alguns de seus executivos disseram que a empresa está disposta a vender o Globe por uma pequena fração do US$ 1,1 bilhão pago para comprar o jornal em 1993. "Minha reação é de puro alívio", disse Alex S. Jones, diretor do Centro Joan Shorenstein do Departamento de Imprensa, Política e Medidas Públicas da Universidade Harvard. "O Globe é essencial para Boston e para a Nova Inglaterra, e seria catastrófico vê-lo fechar." Fontes informadas sobre o acordo disseram que o pacote inclui uma redução salarial de 8% ou 8,5% e uma licença não remunerada de uma semana neste ano, que equivale a um corte salarial de 2%. As concessões imediatas nos salários e nos benefícios trariam um corte nos custos operacionais de US$ 20 milhões, enquanto o fim das garantias de emprego poderia levar a uma economia de milhões adicionais. Mas isto apenas reduziria as perdas de um jornal que, segundo seus executivos, perdeu US$ 50 milhões em 2008, e deve perder outros US$ 85 milhões este ano com uma receita inferior a US$ 500 milhões. "Acho que todos compreendem que ninguém vai comprar o Globe enquanto ele estiver atrelado a estas garantias de emprego, e todos compreendem a necessidade das reduções", disse Dan Kennedy, professor assistente de jornalismo na Universidade Northwestern. "Fico certamente aliviado por não ter acontecido o pior, mas a alternativa também é bastante difícil." Ken Doctor, analista da indústria associado à Outsell, uma empresa de pesquisas, disse, "É difícil acreditar na perspectiva de fazer do Boston Globe uma organização lucrativa no curto prazo", mas fazia sentido a minimização das perdas, seja com o objetivo de vender o jornal ou não. "Em questão de 12 ou 18 meses a economia vai se recuperar, a publicidade dos setores automobilístico e imobiliário vai voltar, e o destino dos jornais sobreviventes e reduzidos parecerá um pouco melhor."

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