Publicidade

GM aprova discussões sobre possível aliança com Renault-Nissan

A aprovação da GM às conversações dá uma nova dimensão à reunião que será realizada no próximo dia 14 de julho em Detroit

Por Agencia Estado
Atualização:

A General Motors (GM) dará início, nos próximos dias, às "discussões exploratórias" com a Renault e a Nissan sobre uma possível aliança entre as três montadoras de automóveis, depois que o conselho de administração da primeira das empresas aprovou nesta sexta-feira as negociações. Nos últimos dias, Renault e Nissan já tinham demonstrado seu interesse em negociar uma possível aliança com a GM, caso a empresa aprovasse o diálogo. A aprovação da GM às conversações dá uma nova dimensão à reunião que será realizada no próximo dia 14 de julho em Detroit entre o seu presidente, Rick Wagoner, e o dirigente da Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. A decisão também é uma vitória pessoal para o multimilionário Kirk Kerkorian, que controla 10% das ações da GM e que propôs a aliança como solução para a crise da maior fabricante mundial de automóveis. Kerkorian mantém uma inflamada disputa com Wagoner pela direção da companhia, que no ano passado teve um prejuízo de US$ 10,6 bilhões e está no meio de uma profunda reestruturação na América do Norte, processo que levará à eliminação de pelo menos 30 mil postos de trabalho e à redução da produção nos Estados Unidos. Mas Wagoner conseguiu fazer o conselho de administração encarregá-lo de "liderar os esforços da companhia" na condução "das discussões exploratórias com os gestores da Renault-Nissan", o que lhe proporcionará uma enorme influência sobre qualquer decisão futura. O presidente da GM se esforçou nesta sexta-feira para mostrar-se aberto a qualquer tipo de cooperação ou aliança com outras empresas como a proposta por Kerkorian. Aliança "A General Motors já teve várias experiências com diferentes tipos de aliança. Algumas proporcionaram benefícios significativos à posição competitiva da GM e à sua fortaleza financeira", disse Wagoner. O presidente da montadora americana afirmou que irá à reunião com os diretores da Renault e da Nissan "com uma mente aberta, ansioso para ouvir suas idéias de como uma aliança" entre as "companhias poderia funcionar para benefício mútuo". Também quis minimizar as expectativas de que as conversas entre os três fabricantes de automóveis possam acabar em uma aliança semelhante à mantida pela Renault e a Nissan. Wagoner acrescentou que, "dada a complexidade de uma potencial relação", é preciso considerá-la cuidadosamente antes de se chegar a alguma conclusão. "Estamos comprometidos com uma revisão objetiva e exaustiva desse potencial", afirmou. Proposta Kerkorian havia proposto que a Renault e a Nissan ficassem, cada uma, com 10% das ações da GM e que alguns recursos das três empresas fossem combinados para criar "sinergias substanciais e economias em custos, para, portanto, beneficiar" a companhia e os acionistas "em grande medida". Caso sua proposta se concretize, as conversas entre as três empresas resultaria em um gigantesco conglomerado automobilístico com mais de 635 mil empregados e vendas anuais de mais de US$ 500 bilhões. Detroit já viveu anteriormente a fusão transoceânica de duas grandes empresas com o acordo firmado no final dos anos 90 entre a alemã Daimler Benz e a americana Chrysler. No entanto, muitos analistas acham que a operação não foi fácil e que apenas nos últimos anos as duas empresas começaram a ver os frutos da fusão. Outros também lembraram o fracasso da última aliança da GM. Em 2000, a empresa de Wagoner pagou US$ 2 bilhões por uma participação na italiana Fiat. Cinco anos depois, a GM desembolsou outros US$ 2 bilhões para deixar a associação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.