A hegemonia da TAM no transporte de passageiros no País, conquistada em meados de 2003, ficou seriamente ameaçada em julho, quando a Gol/Varig quase empatou com a líder, ao responder por 42,88% da demanda por voos nacionais. É uma diferença de apenas 0,27 ponto porcentual em relação à participação da TAM no período, de 43,15%. Enquanto o fluxo de passageiros transportados pela Gol/Varig cresceu 29% no mês passado, na comparação com igual período de 2008, a expansão da TAM foi de 6,16%. Em abril, a participação da TAM era de 49,2%, enquanto a Gol/Varig tinha 38,7%. Os dados foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e mostram que, entre as principais empresas do setor, foi a Gol/Varig que aproveitou melhor o crescimento de 25,68% na demanda por voos domésticos em julho, em relação ao mesmo período de 2008. É o melhor desempenho desde setembro de 2005, quando a expansão da demanda doméstica foi de 29,2%. A oferta de assentos, por sua vez, cresceu 15,31% em julho. "Havia feito uma projeção no início de 2007 de que a Gol ia ultrapassar a TAM no último trimestre daquele ano. Mas a Gol comprou a Varig e mudou o foco. Com a saída da empresa da Europa, México e as dificuldades na América do Sul, ela voltou a se concentrar no doméstico. Acendeu a luz vermelha na TAM", diz o consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio. Segundo ele, os altos preços das passagens da TAM e o serviço similar ao da Gol também pesam. "Nosso objetivo não é, e nunca foi, a busca pelo market share (participação de mercado). Acredito que nosso crescimento se deve ao foco na melhoria das operações, que efetivamente vem acontecendo. Quanto ao market share propriamente dito, esse é um acontecimento sazonal e que depende muito do perfil dos usuários em cada mês. Em julho, esse perfil talvez nos tenha sido favorável", diz o vice-presidente de Marketing e Serviços da Gol, Tarcísio Gargioni. Procurada, a TAM não se pronunciou sobre o assunto. No mercado internacional, a TAM segue na liderança no transporte de passageiros entre as companhias brasileiras, com participação de 88,29%, sendo que detinha 72,51% desse mercado em julho de 2008. A Gol/Varig, por sua vez, teve 11,57%, mas sua participação era de 27,10% no mesmo período do ano passado. Na média, o desempenho no exterior recuou 10,15% em julho, com aumento de 1,22% na oferta de assentos. A demanda da TAM cresceu 9,40% e a oferta de assentos teve alta de 19,87%. A Gol/Varig teve redução de 61,55% no fluxo de passageiros para o mercado internacional e recuo de 43% na oferta de assentos. "A retração da Gol/Varig no mercado internacional foi causada pelas dificuldades que encontrou na América do Sul, por causa da gripe suína. Além disso, a empresa tem observado dificuldades para competir com as empresas que operam na região, que oferecem serviço melhor", afirma Sampaio. O fato de a TAM ter registrado aumento de oferta duas vezes superior ao da demanda no mercado internacional, segundo Sampaio, vai custar à empresa a devolução de alguns aviões que operam em voos de longo curso. "A TAM contratou uma consultoria para devolver três aviões da Boeing, modelo 767, para terceiros", diz Sampaio.