O banco norte-americano de investimentos Goldman Sachs rebaixou de outperform (desempenho acima do mercado) para market perform (desempenho do mercado) a recomendação para as ações dos bancos brasileiros Bradesco, Itaú e Unibanco. A atitude foi motivada pelo aumento da probabilidade de o candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, vencer ainda no primeiro turno a eleição presidencial em 6 de outubro. Essa decisão reverte uma outra, tomada há apenas um mês, de aumentar a recomendação para os bancos brasileiros para outperformer. "Uma vitória de Lula no primeiro turno aumenta significativamente os riscos dos bancos se tornarem a principal variável de ajuste para as políticas monetária e de gerenciamento da dívida da nova administração", disse o banco de investimento em comunicado. "Principalmente se as dificuldades encontradas recentemente pelo Banco Central para rolar a dívida em dólar em taxas razoáveis se intensificarem no próximo ano", acrescentou. Outro fator foi a declaração, feita ontem por Lula, de que, se eleito, iria substituir o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que é "considerado um dos alicerces de estabilidade da atual administração", segundo o Goldman Sachs. O banco observou, porém, que, enquanto as perspectivas para os bancos brasileiros se deterioram, as avaliações estão ainda acima dos níveis alcançados durante as crises financeiras anteriores no Brasil e em outros lugares nos anos 90, "mesmo com spreads soberanos muito maiores agora e com taxas de capitalização inferiores hoje". Isso indica que uma queda adicional a partir dos atuais níveis é possível à medida que as ações dos bancos ainda não precificaram os riscos implícitos ao mercado de títulos, concluiu o banco. O Goldman Sachs ressaltou no comunicado que o rebaixamento das ações dos bancos estava em linha com um movimento similar, feito na terça-feira, para reduzir a dívida brasileira para "underweight" (abaixo do mercado) no modelo de carteira de renda fixa do banco de investimento. As informações são da agência Dow Jones.