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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Golpes no celular? Melhor prevenir que remediar

Falta de cultura de segurança da informação no País facilita os ataques cibernéticos, apontam especialistas

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Atualização:

Os ataques virtuais ficaram mais frequentes e mais fáceis de ser executados depois que a pandemia empurrou boa parte das pessoas para a frente de uma tela de computador ou de smartphone, para estudar, trabalhar e realizar tarefas cotidianas, seja para concluir compras, transferências bancárias ou apenas para lazer.

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Como apontam as estatísticas da empresa de segurança cibernética Fortinet, apenas no primeiro semestre deste ano, o Brasil sofreu pouco mais de 3,2 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Correspondem a cerca de 45% das tentativas que ocorreram nesse período na América Latina.

São ataques dos mais diversos tipos, desde phishing, técnica que utiliza, geralmente, e-mails ou mensagens falsas que induzem a pessoa a clicar ou baixar programas maliciosos com o objetivo de roubar dados pessoais, até os mais avançados, como o ransomware, que se caracteriza pelo sequestro de dados ou de sistemas inteiros, seguido de chantagem e exigência de resgates para liberação dos arquivos, que podem atingir exorbitâncias.

Esse tipo de crime vem semeando terror entre grandes empresas brasileiras. Lojas Renner, JBS, Fleury, Accenture e até a Secretaria do Tesouro Nacional estão entre as vítimas mais recentes.

Leonardo Militelli, sócio-diretor da IBLISS Digital Security, empresa brasileira de cibersegurança, avisa que o primeiro requisito para que essas empresas enfrentem essas investidas com sucesso é a criação de consciência do problema. O segundo é realizar investimentos. “Falta cultura de segurança da informação no País. Mesmo as grandes corporações estão vulneráveis, o que fica evidente pelo baixo investimento nessa área”, pontua.

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Até o Banco Central, instituição que deveria operar com cuidado máximo nessa área, só tratou de blindar o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, depois que se multiplicaram os casos de sequestros e de roubo de depósitos. A instituição divulgou, nesta sexta-feira, 27, que as operações entre 20 horas e 6 horas no Pix, outras transferências, em compras pelo cartão de débito e em TEDs (Transferência Eletrônica Disponível) terão limite de de R$ 1 mil para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas às ações de criminosos.

Levantamento da ISH Tecnologia revelou que a média mensal de ataques a empresas brasileiras chegou a 13 mil. Cerca de 57% deles são do tipo que pede resgate para liberação das informações sequestradas.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil sofreu pouco mais de 3,2 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Correspondem a cerca de 45% das tentativas que ocorreram nesse período na América Latina. Ilustração: Marcos Müller/Estadão. Foto:

“A Lei Geral de Proteção de Dados, de 2018, passou a exigir das empresas maior proteção dos dados dos seus clientes porque o vazamento de informações pode gerar multas, o que, relativamente, aumentou o interesse pela segurança dos sistemas. Mas ainda prevalece a cultura de correr atrás depois do prejuízo e não a de adotar soluções preventivas. É preciso tornar a segurança de dados um hábito dentro das companhias”, observa Militelli.

O processo que aumenta a robustez dos sistemas e os deixa menos propensos a ataques cibernéticos passa pela identificação das vulnerabilidades e pela atualização dos programas, uma vez que eles também são a porta de entrada para os golpes. 

Outra providência inevitável é manter uma cópia criptografada de segurança de todas as informações, de preferência, também fora do ambiente virtual. Cuidado que se estende para os usuários comuns, porque mesmo sendo menos vítimas de golpes de sequestros de dados, é importante manter o backup dos seus arquivos em dia. 

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Mas isso não é tudo. Esses cuidados exigem educação, treinamento e conscientização, como adverte Rafael Wilmers da VU Security, empresa argentina de cibersegurança. O uso intensivo de redes sociais em contexto socioeconômico conturbado, como o de hoje, torna as pessoas mais propensas a cair em golpes que se valem dessas plataformas por meio de falsas promessas de auxílios, empregos e vantagens de toda ordem

“Por mais que se coloquem ferramentas para proteger os usuários, como segundo fator de autenticação, token ou biometria, por exemplo, muitas pessoas acabam caindo em golpes porque não têm acesso a informações e não sabem lidar com esses riscos. Com educação, a prevenção ficará mais forte, pois as pessoas vão conseguir conviver com essas questões de uma forma mais clara”, diz Wilmers./COM PABLO SANTANA

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*CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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