
24 de setembro de 2014 | 02h04
A empresa diz estar em negociação com possíveis fornecedores de casca de arroz da Ásia, dos Estados Unidos e do Brasil. Os nomes dos parceiros ainda não são revelados.
O diretor de programas de ciência e tecnologia na Goodyear, Surendra Chawla, afirma que a expectativa da companhia é começar a usar esse novo tipo de sílica no início do ano que vem. A ideia é substituir a sílica obtida da areia pela derivada das cascas de arroz. "Nós esperamos que os consumidores continuem comprando esses pneus (com sílica na composição)", diz. "Para alguns, o lado ambientalmente responsável do processo de produção pode deixá-los mais propensos a comprar o pneu."
A empresa afirma que continuará a usar a sílica vinda da areia - apesar de ser um processo mais custoso e complicado - porque as cascas de arroz fornecidas pelo parceiros não serão suficiente para atender a demanda. Para obter 1,3 kg de cinzas com sílica, é preciso queimar entre 6,3 kg e 6,8 kg de cascas de arroz.
O preço para o consumidor será o mesmo do pneu que já contém a sílica vinda da areia, segundo a companhia. A durabilidade do produto também é a mesma.
Mercado. Encontrar formas mais sustentáveis de produzir pneus é uma preocupação crescente do setor. A Continental, por exemplo, integra um consórcio de institutos de pesquisa e parceiros industriais que voltam sua atenção para o dente-de-leão - flor cujas sementes se espalham pelo ar com um sopro. O látex da planta medicinal produz uma borracha com a mesma qualidade da seiva da seringueira, segundo descobertas de pesquisadores alemães.
A fabricante de pneus Michelin, a petroquímica Braskem e a empresa de biotecnologia Amyris são parceiras no desenvolvimento de uma tecnologia que usa açúcares de plantas, como cana-de-açúcar, para produzir isopreno renovável - composto usado na produção de pneus.
Para Robert Wieselberg, sócio da Mind Partners, consultoria em estratégia de negócios e marketing, as iniciativas sustentáveis são consequência da necessidade da indústria de reduzir os danos ambientais e usar menos derivados do petróleo. É também, segundo o especialista, uma resposta às pressões da sociedade em torno dos três "erres": reduzir, reciclar e reutilizar. "Numa indústria que tem pouca diferenciação, é interessante ver as marcas tentando criar um vínculo emocional diferente com o consumidor", diz.
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