Governadores negociam com o Congresso a 'mãe de todas as bombas fiscais', diz Marcos Lisboa

Presidente do Insper diz que pedidos dos governadores e prefeitos podem ter impacto na próxima década

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Por Adriana Fernandes
2 min de leitura

BRASÍLIA - Presidente do Insper, o economista Marcos Lisboa acusa os governadores e prefeitos de apresentarem pedidos “imensos” na tentativa de resolver todos os problemas de anos de uma única tacada. Ele calcula em mais de R$ 150 bilhões o impacto à União do projeto emergencial de socorro a Estados e municípios que deve ser votado nesta quarta-feira, 8, na Câmara

Lisboa projeta que, nesse cenário, o rombo nas contas públicas este ano vai subir para 9% do PIB Foto: Felipe Rau/Eestadão

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Na mesa de negociação, pedidos de novas linhas de empréstimos, suspensão do pagamento da dívida com a União por muito tempo, posterga o pagamento de precatórios (valores devidos a pessoas físicas ou empresas após sentença definitiva na Justiça) de 2024 para 2040 e suspensão dos limites de pessoal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).  

“O Plano Mansueto era uma coisa restrita, pequena, para ajudar alguns Estados e se recuperarem e começou a ter uma avalanche imensa de pedidos que nada tem a ver com a crise atual”, advertiu. “Uma coisa é dizer: vamos dar uma ajuda na dívida nesses próximos meses e ajudar a recompor perda de arrecadação Fundo de Participação dos Estados eICMS, mas outra história é passar R$ 150 bilhões para dar conta de resolver problemas passados”, afirmou. 

Lisboa projeta que, nesse cenário, o rombo nas contas públicas este ano vai subir para 9% do Produto Interno Bruto (PIB) e a dívida pública deve bater 100% do PIB. 

Na sua avaliação, os gastos para lidar com a crise deveriam ser temporários. Junto com o economista do Insper Marcos Mendes, Lisboa publicou hoje na página do Brasil Journal o artigo “Parem o plano Mansueto!”. 

“Aproveitando-se da fraqueza do governo federal, governadores estão negociando a mãe de todas as bombas fiscais, elevando a dívida pública, onerando a sociedade com (ainda) mais impostos e austeridade por pelo menos mais uma década”, diz o artigo. 

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou o Twitter para contestar o cálculo de Lisboa e Mendes. “Os economistas Marcos Lisboa e Marcos Mendes são sempre muito atentos aos projetos que tramitam na Câmara. Eles podem ter certeza, no entanto, que votaremos nesta tarde um texto diferente do que eles leram em relação ao PL que substituirá o Plano Mansueto”, postou Maia.