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Governo admite possiblidade de fechamento da Volks no ABC

"Nós temos que considerar que essa não é a única unidade do setor automotivo no Brasil e nem a única unidade da Volkswagen", afirmou o ministro Luiz Marinho

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, indicou nesta quarta-feira que o governo já admite a possibilidade de fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) da Volkswagen. Na terça, os funcionários da Volks decidiram reprovar o plano de reestruturação apresentado pela montadora, que cogita, futuramente, encerrar as atividades da unidade de Anchieta caso não chegue a um acordo com os trabalhadores. A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC luta contra a ameaça de corte de 3,6 mil empregos e a redução de benefícios trabalhistas. "Nós temos que considerar que essa não é a única unidade do setor automotivo no Brasil e nem a única unidade da Volkswagen. Nesse sentido, o eventual fechamento de uma das unidades da Volkswagen não é o fim da Volkswagen no Brasil", afirmou Marinho, durante visita a Belo Horizonte, em entrevista à rádio CBN. Porém, para o ministro, ex-sindicalista, o impacto maior do fechamento de uma fábrica é local. Ele disse novamente que o governo federal está à disposição para intermediar a negociação entre a empresa e os trabalhadores. "Vamos trabalhar e torcer para que o fechamento não ocorra. Acima de tudo, que as partes possam ter muita maturidade e tranqüilidade para enfrentar a discussão dialogando. E o diálogo possa encontrar um ponto de equilíbrio entre as partes", afirmou. De acordo com Marinho, o possível fechamento da fábrica do ABC paulista "não combina" com o momento da indústria automobilística no País. "Esse ano, a indústria automobilística brasileira quebrará todos os seus recordes. É um ano de maior produção da indústria automobilística no Brasil, particularmente de automóveis, que é o caso da unidade em referência". O ministro voltou a dizer que os problemas da fábrica da Volks em São Bernardo do Campo podem estar relacionados à má administração. "É possível que tenha havido algum erro ou falta de condição de investimento em algum momento e no seu mix de produção, que levou a empresa a perder participação no mercado para as concorrentes. É possível que tenha acontecido", comentou, ponderando em seguida: "É difícil falar à distância sem conhecer a intimidade do negócio, da empresa e das decisões que a empresa tenha tomado nos últimos anos em relação à essa questão". Crédito O crédito de R$ 497,1 milhões que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou em abril para a Volkswagen até hoje não foi objeto de assinatura de contrato, e conseqüentemente não foi liberado, "por questões de documentação e outras", disse há pouco o presidente da instituição financeira, Demian Fiocca. "A operação não foi contratada não foi por veto, mas outros motivos", disse. De acordo com ele, não há restrições do Banco em trabalhar com a empresa, apesar das demissões anunciadas pela Volkswagen. Fiocca explicou que em contratos já assinados, há cláusulas que impedem a companhia de realizar demissões nos projetos específicos que são objeto de financiamento sem apresentar um plano sujeito à aprovação do BNDES, sobre temas como incentivo à recolocação dos funcionários. Do contrário, as condições dos financiamentos mudariam. "O programa (de demissões) que a Volks anunciou não se refere àqueles projetos específicos (financiados pelo banco). É um programa de reestruturação mundial", disse. Ele lembrou também que há cerca de um mês e meio, o presidente Lula anunciou mudanças na linha do BNDES de financiamento à produção de automóveis para exportações criadas como incentivo à manutenção ou aumento de empregos nas montadoras. Na ocasião, foi anunciada a redução do spread cobrado pelo banco de 4% para 3,8% ao ano e o aumento do limite a financiar de 30% para 55% do valor das exportações, nos dois casos para as empresas que mantiverem o número de empregos igual ou maior que no ano anterior.

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