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Governo admite que mais da metade dos argentinos é pobre

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do presidente Eduardo Duhalde admitiu pela primeira vez que mais da metade dos argentinos está abaixo do nível da pobreza. Segundo o Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação de Programas Sociais (Siempro), 51,4% dos argentinos já estão abaixo do nível da pobreza. Desta forma, 18,21 milhões de pessoas possuem dificuldades diárias para subsistir neste país. A proporção de pobres na Argentina é inédita nos últimos 100 anos. A pobreza começou a aumentar suavamente a partir de meados dos anos 70, quando fracassaram diversos planos econômicos da Ditadura Militar (1976-83). Nos anos 80 a pobreza já atingia 12% dos argentinos. No entanto, com a abertura da economia e as privatizações, a pobreza disparou durante a década de governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-99), quando chegou a 25% das famílias argentinas. No final do governo do ex-presidente Fernando De la Rúa, a proporção de pobres subiu para 30%. De lá para cá, ao longo dos cinco meses de governo do presidente Eduardo Duhalde, a pobreza aumentou em pouco mais de 20%. Motivos não lhe faltaram, já que o PIB despencou 15% no primeiro trimestre deste ano, enquanto a inflação acumulada dos primeiros cinco meses chega a 25,9%. Do total de pobres, 42,5% são considerados indigentes, ou seja pessoas que não conseguem ganhar dinheiro suficiente para poder ingerir mínimo de calorias diárias. Segundo os dados do Siempro, no início da recessão, há quatro anos, a proporção de indigentes era de 28,9% do total de pobres. Em algumas províncias a pobreza atinge níveis tão alarmantes que amplos setores da população são alimentados pelo Estado. Esse é o caso da província de Formosa, no norte do país, onde 25% dos habitantes sobrevivem graças às rações alimentícias fornecidos pelo governo provincial. Ali, e nas províncias do Chaco, Corrientes e Misiones, a pobreza chegaria a 66,1%. Enquanto isso, o setor da sociedade argentina que ainda pode consumir está tentando reduzir seus gastos drasticamente. Segundo a Consultora AC Nielsen, em abril, 85% dos argentinos mudaram as marcas dos produtos que costumavam comprar por outras mais baratas.

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