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Governo altera indenização de empresas de energia afetadas pela MP 579

Portaria revisa valores para dez hidrelétricas de oito empresas; montante total da correção é de R$ 870,4 milhões

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Célia Froufe (Broadcast), Eduardo Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, anunciou na noite desta quinta-feira que os ministros da Energia, Edison Lobão, e da Fazenda, Guido Mantega, assinaram portaria conjunta para revisar valores de indenizações para dez usinas hidrelétricas de oito empresas. O valor total da correção é de R$ 870.370.042.

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A maior diferença será para a Usina Três Irmãos, da Cesp. A depreciação calculada inicialmente era de 70,07% e passou para 47,22%. Com isso, o valor da indenização passou de R$ 985.691.085 para R$ 1.737.974.039, uma diferença de R$ 752,282 milhões. "Estou citando a grande mudança. Não vou ler o nome das outras usinas, mas estará disponível no site do ministério", disse o secretário.

As mudanças são feitas no âmbito da MP 579, que foi alvo de processo de várias empresas. Zimmermann disse que o ministério já havia alertado sobre a possibilidade de revisão dos dados caso houvesse a constatação de erro na " aplicação da metodologia". Ele lembrou que para fazer os cálculos, o MME utilizou subsídios da Anell e da EPE. "E foi identificado que havia problema de dados", resumiu.

Segundo Zimmermann, será publicada nesta sexta-feira, 29, uma Medida Provisória, com um adendo à MP 759. Até agora, a MP não indenizava ativos de transmissão anteriores ao ano 2000. Com a mudança, esses ativos, que ainda não foram depreciados, passam a ser indenizados.

De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o incentivo que passará a ser dado pelo governo para as empresas aderirem à proposta que foi formulada possui três características. A primeira é tornar a adesão mais atrativa. "É importante para o País ter tarifa mais baixa já em 2013", considerou. A segunda é injetar valor expressivo de recursos nas empresas que aceitarem, tornando essas companhias mais robustas. A terceira, de acordo com ele, é fortalecer o setor elétrico do País. "Ficará mais interessante", resumiu.

Zimmermann disse que não é possível falar em valores neste momento, mas ressaltou que o impacto é positivo. "É uma forma de trabalhar com grande incentivo para que as empresas continuem aqui na área de transmissão. Quem aceitar a proposta do governo e optar pela renovação receberá indenização no período dos próximos 30 anos. O mercado, por outro lado, estima que o valor total considerado para a indenização de empresas de transmissão de energia ficará de R$ 9 bilhões a R$ 10 bilhões. Segundo fontes, o governo não quer se comprometer com o valor provável das indenizações para não criar expectativas ou frustrações após o pagamento.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, salientou que o prazo de 4 de dezembro para aderir às propostas foi mantido. "Isso é pelo conjunto de empresas que já tinha manifestado interesse de renovar. Esperamos que outras renovem", afirmou. "Vamos viabilizar a redução de tarifas, e não é custo maior, pois estamos parcelando em 30 anos. Se for necessário, vamos adequar o valor que o Tesouro está aportando", acrescentou.

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Recursos

Os recursos que continuarão entrando na reserva global de reversão (RGR), de acordo com Zimmermann, também serão utilizados para a indenização que passará a ser paga agora às empresas de transmissão. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, o aumento na indenização das usinas poderá ser coberto pelos recursos RGR, conta de consumo de combustíveis (CCC) e CCE. "A expectativa é de que não seja necessário novo aporte do Tesouro Nacional por enquanto", disse Augustin.

Durante entrevista coletiva, Zimmermann salientou que a revisão dos valores não conta com nenhuma mudança metodológica. "O que ocorreu foi um erro de levantamento e contabilização", explicou. De acordo com ele, o Ministério corrige as indenizações "com muita tranquilidade". O secretário descartou que as mudanças tenham sido causadas pela pressão que o mercado fez em cima da proposta do governo.

Não há risco

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Zimmermann salientou que não há risco para as empresas de transmissão assinarem contratos de renovação no próximo dia 4, mesmo sem saber qual o valor real das indenizações. Segundo ele, apesar de o montante ainda não estar definido, a Aneel e os agentes de mercado "têm ideia" do valor das indenizações. "Não há grandes incertezas", considerou.

O secretário acrescentou que os representantes do governo estão dando uma "boa notícia" em relação à importância dada à continuidade de agentes no mercado. Ele afirmou que empresas como a Cemig Transmissão, por exemplo, serão beneficiadas se prorrogarem os contratos pelos próximos 30 anos. "Nós temos uma MP em vigor, sob analise do Congresso, que é bem clara sobre a renovação de usinas.

Sobre as indenizações nos próximos 30 anos, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, salientou que será usado o IPCA como um índice de correção, além de outras formas de reajuste. Segundo ele, se for necessário, o Tesouro aumentará os aportes para o sistema elétrico. "Ao longo do tempo, a conta é sustentável e tranquila", comentou.

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