31 de março de 2009 | 18h21
O relatório, feito em conjunto com as secretarias de Acompanhamento Econômico e de Direito Econômico, foi concluído num momento em que crescem as pressões, dentro e fora do governo, por uma redução dos spreads dos financiamentos.
O diretor de Política Monetária do BC, Mario Torós, afirmou que o BC receberá sugestões e críticas sobre o estudo nos próximos 90 dias e que o objetivo final é "trabalhar pelo aperfeiçoamento da indústria". Não há prazo, contudo, para a divulgação de medidas para o setor.
O BC apontou o fato de, no Brasil, apenas duas empresas serem responsáveis pelo credenciamento das duas principais bandeiras --a Visanet é a única credenciadora do cartão Visa e a Redecard é a única credenciadora do MasterCard.
Juntos, os dois nomes respondem por mais de 90 por cento dos cartões ativos no país. Essa concentração é comum no resto do mundo, segundo o BC, mas a verticalização --credenciadora exclusiva para as bandeiras-- não é considerada um bom modelo.
O BC criticou ainda o fato de os lojistas não serem hoje amplamente autorizados a conceder preços diferenciados nos pagamentos com cartão e à vista.
Segundo o chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do BC, José Antonio Marciano, essa restrição reduz o poder de negociação dos lojistas com as credencidadoras no momento de acertar as taxas de desconto.
"A gente está avisando a indústria: vi e não gostei", resumiu Marciano ao detalhar o relatório.
O volume de transações com cartões de crédito somou 3,9 bilhões de reais em 2007 --último período analisado pelo BC--, ante 1,4 bilhão de reais em 2002.
Os cartões de crédito lideraram as reclamações nos órgãos de defesa do consumidor nos anos de 2006 a 2008. De um total de 826 mil reclamações computadas no período em todo o país (exclui São Paulo), 12 por cento diziam respeito a cartão de crédito.
(Reportagem de Isabel Versiani)
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