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Governo aprova atuação recente do BC

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo avalia que a tensão no relacionamento entre o Banco Central e o mercado será substituída, nos próximos dias, por um clima de normalidade. A atuação do Banco Central hoje - que mudou as regras dos leilões e ofereceu um deságio de 0,70% para as LFTs - foi considerada adequada e capaz de garantir uma melhor administração na rolagem dos títulos públicos, que está contaminada pelas incertezas do processo eleitoral. A estratégia adotada pelo BC foi discutida com o presidente Fernando Henrique Cardoso, durante reunião da Câmara de Política Econômica, da qual também participaram os ministros da Fazenda, Pedro Malan, do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, os presidentes do BNDES, Eleazar Carvalho, e do Banco Central, Armínio Fraga, e seus principais diretores, como o de Política Monetária, Luiz Fernando Figueiredo. Na berlinda nos últimos dias e sofrendo fortes críticas por parte de operadores de mesa do mercado financeiro, Figueiredo e Fraga fizeram uma exposição sobre a conjuntura econômico-política e destacaram um fato incontestável: o mercado já vive sob o impacto do processo eleitoral e não aceita mais títulos de longo prazo. Este é o fato com o qual o governo terá que conviver a partir de agora, e a expectativa da equipe econômica, referendada pelo presidente Fernando Henrique, é a de que o Banco Central poderá enfrentar outros momentos tensos, como o vivido agora, mas deixando claro que "não está enfrentando o mercado", como disse um dos participantes da reunião. "O BC tem que lidar com o mercado. Existe uma ligeira turbulência em função de questões ligadas ao processo eleitoral e à recente decisão de os bancos efetuarem a marcação a mercado das cotas dos seus fundos de investimento", disse a mesma fonte. A decisão do BC de antecipar a marcação a mercado das cotas foi necessária, e não há qualquer discordância em relação ao timing da sua implantação. Está claro, segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, que a medida objetivou proteger os pequenos investidores. A análise feita pelo BC pressupõe que se o governo mantivesse o prazo de setembro para que os bancos realizassem a nova forma de marcar o valor das cotas dos Fundos, os grandes investidores retirariam suas aplicações - movimento que já estava sendo identificado pela mesa do BC, "e o mico ficaria com os pequenos investidores". "A medida foi necessária, ninguém discordou na reunião", disse uma fonte. Segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, o Banco Central está utilizando os instrumentos necessários para administrar as dificuldades "momentâneas" para a rolagem da dívida pública. "O BC está agindo. Já vivemos momentos mais tensos. A situação vai se normalizar", garante um dos participantes da reunião de hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir os problemas gerados na rolagem das LFTs e da marcação a mercado das cotas dos Fundos de Investimento. As "quedas de braço" travadas entre BC e mercado não devem registrar vencedores ou derrotados. É prematuro afirmar que o episódio resultou no comprometimento, mesmo que parcial, da credibilidade do Banco Central. "A credibilidade do BC está garantida. Estes momentos de incertezas trazem este tipo de discussão, mas lá na frente irá se observar que a credibilidade está assegurada", disse a mesma fonte. "É da regra do jogo. Não há perda de credibilidade do BC", acrescentou a fonte. O fato de o BC aceitar o encurtamento do prazo de vencimento da dívida - as últimas operações de rolagem de LFTs estão concentrando em março do próximo ano o vencimento dos papéis - também foi analisado, mas também considerado uma decisão acertada. " Não adianta o BC querer impor a sua vontade. Se o mercado está disposto e está aceitando o vencimento para março, é com isto que o BC tem que trabalhar. Tem encurtamento de prazo porque esta é a demanda do mercado", disse ainda um dos participantes da reunião com o presidente Fernando Henrique. O governo não concorda com as pressões do mercado, "mas esta é a realidade". A expectativa é de que a tensão do processo eleitoral vá se dissipar, na medida em que os candidatos forem mais explícitos em relação à política que pretendem implementar para a dívida pública. Segundo essas fontes, na medida em que os discursos não são claros, o mercado avalia que as declarações dos candidatos alimentam as incertezas. Os ministros que participaram das discussões sobre a conjuntura brasileira estão convencidos de que a aprovação da CPMF, sem a noventena, certamente será percebida pelos investidores domésticos e internacionais como um elemento de garantia de que o governo não vai abrir mão da questão fiscal. "Este é um trunfo. O mercado saberá fazer a leitura correta", aposta um dos ministros.

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