Publicidade

Governo argentino alerta para risco de golpe

Por Agencia Estado
Atualização:

"Estamos preocupados, porque alguns setores preferem um golpe institucional". A declaração, feita ao jornal Página 12 por José Pampero, secretário privado do presidente Eduardo Duhalde, explicita bem o clima de conspiração que ressurge gradualmente na Argentina. O país está abalado por conflitos populares e um índice de desemprego de 22%, o que constitui um recorde histórico. Além disso, a classe média está encolhendo rapidamente, e passou, nos últimos 25 anos, de 65% da população, para menos de 45%. Uma resposta militar às explosões sociais, que estão sendo causadas por estes índices de empobrecimento acelerado da população, é assunto que diversos setores do establishment voltaram a especular. Dentro do governo indicam-se os setores pró-dolarização da economia como os conspiradores de um eventual golpe cívico-militar. O secretário de Segurança, Juan José Alvarez, está alerta: "Existem uns irresponsáveis que estão trabalhando para derrubar Duhalde. Mas eu digo que Duhalde não cai". Segundo o Página 12, o tenente-general Ricardo Brinzoni, chefe do Estado-Maior do Exército, estaria mantendo constantes reuniões com empresários para analisar a crise política, social e financeira. As conversas incluiriam os hipotéticos cenários que poderiam aparecer com uma eventual queda do governo Duhalde. Poucos dias atrás, Brinzoni desmentiu qualquer conspiração contra o governo por parte dos militares: "O Exército não possui essa missão, nem meios, nem treinamento para substituir a polícia diante de uma explosão social". O Página 12 sustenta que em uma reunião com um dos principais banqueiros do país, o tenente-general Brinzoni teria definido o presidente Duhalde como "um inútil" e "uma má pessoa". O secretário-geral da presidência da República, Aníbal Fernández, sustenta que "o presidente não irá embora, e tomará todas as decisões que tenha que adotar para colocar o país de novo nos trilhos". A eventual disposição para um hipotético golpe, por parte das forças de segurança, começa a ser assunto de conversas entre empresários, jornalistas e a própria população. Aproveitando este clima de conspiração, embalado pelos conflitos sociais, a Rádio 10 emitiu no início do mês alguns minutos de notícias de ficção, como se militares houvessem iniciado um levante nos regimentos do Exército nas cidades de Tandil e Azul, na província de Buenos Aires. Nas última semanas, diversos rumores indicavam que um eventual golpe cívico-militar teria como liderança civil o ultra-ortodoxo ex-ministro da Economia, Ricardo López Murphy. O ex-ministro negou os rumores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.