PUBLICIDADE

Publicidade

Governo argentino estuda eleições antecipadas

Ministros começaram hoje contatos políticos para negociar a convocação de eleições de forma antecipada. As eleições estavam previstas inicialmente para setembro do ano que vem

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma saída pacífica e ordenada. Esta é a fórmula que a equipe de assessores do presidente Eduardo Duhalde pretende aplicar para realizar uma retirada gradual da Casa Rosada, a sede do governo. Diversos ministros começaram hoje uma série de contatos políticos para negociar a convocação de eleições de forma antecipada. As eleições estavam previstas inicialmente para setembro do ano que vem, com a posse do novo presidente em dezembro de 2003. No entanto, entre as diversas especulações que ocorrem em Buenos Aires, a idéia seria que elas ocorressem, no máximo em março do ano que vem. O chefe do gabinete de ministros, Alfredo Atanasof, admitiu hoje que a convocação de eleições somente poderia ocorrer depois que já estivesse pronto um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem o acordo, argumentou, "seria como colocar o carro na frente dos bois". Por lei, depois do anúncio do governo, existe um prazo de 180 dias para a realização de eleições. Desta forma, se o acordo com o Fundo for conseguido em agosto, as eleições poderiam ocorrer em janeiro de 2003. Atanasof começou sua rodada de consultas reunindo-se com um grupo de juízes federais para consultar sobre as possibilidades legais para a antecipação de eleições e o formato das convenções internas dos partidos políticos. Ordem Segundo o governo, o encontro com a juíza Maria Servini de Cubría e os juízes Ricardo Bustos Fierro e Santiago Corcuera, foi puramente "informativo". A idéia da equipe de assessores do presidente - a grande maioria de sua província natal, a de Buenos Aires - é que a retirada da tropa duhaldista não seja desordenada e que não tenha a imagem de uma expulsão da Casa Rosada, como ocorreu com os últimos dois ex-presidentes, Fernando De la Rúa e Adolfo Rodríguez Saá. Desta forma, os duhaldistas ainda poderiam tentar recuperar o poder na província e ali conseguir eleger o próximo governador. Quem pretende ocupar o cargo é a própria esposa do presidente, Hilda Chiche de Duhalde, que anunciou há duas semanas sua disposição a concorrer pelo governo bonaerense. "Oxalá" foi a expressão utilizada por um dos parlamentares mais próximos do presidente Duhalde, o deputado José Díaz Bancalari sobre a realização antecipada das eleições. Segundo o deputado, as eleições teriam que ocorrer "o mais rápido possível". Um dos braços direitos do ex-presidente Carlos Menem, o ex-secretário-geral da presidência, Alberto Kohan, afirmou que está a favor das eleições antes do previsto: "um governo precisa ser, além de legal, legítimo, e assim, deveria ser eleito. E quanto mais rápido isso acontecer, melhor". Kohan sustenta que Menem - que é do mesmo partido de Duhalde, o Justicialista (Peronista) - se apresentará como candidato. O ex-presidente estará toda esta semana nos EUA tentando conseguir apoio para seu retorno ao poder. ?Delinquência? Em Washington, Menem explicou que as ruas de Buenos Aires estão "invadidas por marxistas e pela delinqüência". Outro peronista, o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá, sustentou que vencerá a convenção interna do partido e que obterá a Presidência da República "no primeiro turno". Rodríguez Saá afirmou que é preciso antecipar as eleições porque, caso contrário, "se houver uma explosão de conflitos sociais será mais difícil realizar o processo sucessório". Uma pesquisa da Mori Argentina indica que se houvesse eleições presidenciais hoje a primeira colocada, com 9% dos votos, seria a deputada Elisa Carrió, líder do Argentinos por uma República de Iguais (ARI). Em segundo lugar estaria o peronista Rodríguez Saá, com 8% dos votos. Em terceiro, outro peronista, o governador da província de Santa Fe, Carlos Reutemann, com 7%. Menem teria tantos votos como o candidato trotskita, o deputado Luis Zamora, com 5%. De forma geral, segundo a pesquisa, os políticos estão com a imagem em baixa na Argentina. Para 73% dos argentinos, os políticos não estão capacitados para resolver os problemas do país.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.