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Governo argentino se diz "farto" de atitudes do FMI

O ministro do Interior argentino, Jorge Matzkin, afirmou que as atitudes do Fundo Monetário Internacional fazem com que "até os mais pacientes integrantes do governo fiquem fartos"

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de ter sido alvo de duras acusações por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), o ministro do Interior da Argentina, Jorge Matzkin, afirmou que os comentários e atitudes do organismo financeiro fazem com que "até os mais pacientes integrantes do governo fiquem fartos". Segundo Matzkin, se a Argentina não conseguir um acordo com o FMI, "a única coisa ruim é que demoraríamos em sair da crise. Com o Fundo ou sem o Fundo, sairemos da crise". A resposta do governo do presidente Eduardo Duhalde refere-se aos comentários da vice-diretora do FMI, Anne Krueger, que declarou que se a Argentina deixasse de pagar as dívidas com os organismos financeiros internacionais enfrentaria "duros castigos". Para evitar a punição, segundo Krueger, a Argentina teria que recorrer às reservas internacionais do Banco Central. O jornal "Página 12", ironizou os comentários da vice-diretora, e colocou na capa da edição de hoje uma foto-montagem mostrando Krueger com Duhalde deitado em seu colo. Com as calças arriadas, as nádegas do presidente eram alvo das palmadas da vice-diretora do FMI. Calendário A Argentina tem pela frente um duro calendário de vencimentos de dívidas com os organismos financeiros internacionais. O país deve US$ 14 bilhões ao FMI, US$ 9,2 bilhões ao Banco Mundial e US$ 7,96 bilhões ao Banco Inter-americano de Desenvolvimento (BID). O primeiro vencimento ocorrerá em outubro, com o Banco Mundial, em um total de US$ 805 milhões. O outro grande vencimento será em janeiro, quando a Argentina terá que pagar US$ 1,23 bilhão ao FMI. O governo se recusa em recorrer às esquálidas reservas do BC (um total de US$ 9,4 bilhões), já que isso poderia tumultuar o panorama econômico. Segundo o economista Jorge Ávila, se a Argentina usasse as reservas, "estaria debilitando seriamente a estabilidade do peso e abrindo a possibilidade para uma nova disparada do dólar, no meio de um processo eleitoral que promete ser delicado e incerto". Ávila considera que recorrer às reservas colocaria a Argentina no caminho da hiper-inflação. O presidente da Associação de Bancos Italianos, Maurizio Sella, anunciou que está sendo organizada uma associação de italianos que foram atingidos pelo default da dívida externa pública argentina. Mais de 350 mil italianos têm títulos da dívida argentina, no total de 15 bilhões de euros. A intenção da associação de pessoas prejudicadas é a de processar o Estado argentino, e assim, recuperar o dinheiro perdido.

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