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Governo "blinda" CEF contra uso político

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo acredita ter "blindado" a Caixa Econômica Federal (CEF) contra eventual uso político da instituição, e a diretoria da CEF está preparando medidas mais eficazes contra a inadimplência, especialmente dos financiamentos imobiliários. Em apresentação aos analistas da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), o presidente da instituição, Valdery Albuquerque, considera que a última etapa do saneamento e blindagem da instituição foi a alteração no estatuto social da CEF no dia 11 de setembro, que formalizou o processo de "governança corportativa" da instituição. Pelo novo estatuto, nenhum gerente terá mais alçada individual para a concessão de crédito, que passa a ser exclusividade de comitês de crédito. Até R$ 200 mil, a liberação cabe ao comitê da agência, e acima de R$ 2 milhões tem de passar pelo comitê da diretoria. Além disso, foi formalizada a criação de uma estrutura apenas para atender aos programas do governo, com a CEF atuando apenas como repassadora de recursos. "Se houver subsídio, este ficará claro e será transparente para a sociedade", disse Albuquerque. A empresa será comandada por 20 diretores estatutários, todos eles funcionários de carreira da instituição. Nos últimos dois anos, o governo federal assumiu "esqueletos" da CEF no montante de R$ 80,3 bilhões, e o seu presidente acredita que a instituição está saneada. A maior prova seria o fato de ter apresentado lucro no primeiro semestre e a perspectiva de ampliar essa rentabilidade no segundo semestre, com margem próxima a 27% do patrimônio líquido. Dos R$ 80 bilhões, cerca de R$ 50 bilhões foram referentes a créditos ruins concedidos pela CEF e que foram incorporados numa nova empresa, a Engea, controlada pelo Tesouro. Além disso, o Tesouro trocou R$ 13 bilhões de créditos a governos estaduais por papéis do Tesouro (LFTs), R$ 8 bilhões de créditos diversos, além da capitalização de R$ 9,3 bilhões. Com a estrutura de governança definida e com a estrutura patrimonial equacionada, a prioridade da instituição agora é reduzir a inadimplência. "Há quase uma cultura no Brasil de que os empréstimos à Caixa Econômica não precisam ser pagos. Nós vamos mudar esse quadro", garantiu Valdery. Para isso, a instituição será mais rigorosa na liberação de empréstimos e mais dura na cobrança dos seus créditos. Uma alternativa em análise, por exemplo, é vender parte da carteira a outros bancos inclusive instituições estrangeiras.

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